Sonha em Ter um Bilionário Comprando o Seu Time? Talvez Isto Seja um Pesadelo! (Parte 01)
Imagine um bilionário árabe investindo os “petrodólares” na montagem de um elenco recheado de estrelas, ou um asiático dono de uma cadeia de shoppings centers, influente no mercado de ações mundial. Seria lindo ver seu clube ter onze titulares, cada um sendo jogador de seleção, seria incrível não acha? Mas imagine se isso acontecesse e seu time piorasse e começasse a lutar pra não parar na segundona, derrota atrás de vexame, torcida revoltada esvaziando estádio jogo após jogo… Hoje o “Além da Grande Área” vai contar a primeira parte de dois pesadelos vividos por duas torcidas de primeira divisão de ligas importantes no futebol europeu, vamos lá!
O Drama Valenciano

Quem viu este Valencia em 2001, não imaginaria que este mesmo time viveria uma situação delicada hoje…
Quando o magnata Peter Lim, de Cingapura, comprou o Valencia em 2014, prometendo saldar as gigantescas dívidas do clube e também investir alto em contratações, os torcedores logo imaginaram um retorno à era de glórias da equipe, como no início dos anos 2000, época em que os “morcegos” foram bicampeões espanhóis, deixando os poderosos Real Madrid e Barcelona para trás, ganharam uma UEFA Europa League e fizeram grandes campanhas na UEFA Champions League, chegando a duas finais (2000 e 2001).
Três anos depois de Lim assumir o controle, os valencianistas vivem um pesadelo… com uma campanha pífia em La Liga, a equipe da terra da “paella” está à beira da zona do rebaixamento, empatada em 12 pontos com o Sporting Gijón, primeiro clube a figurar na degola. São três vitórias, três empates e nove derrotas em 15 partidas até agora.
Para piorar, o Valencia ainda levou um retumbante 4×1 do Celta de Vigo, tendo levado três gols em apenas dezoito minutos de bola rolando e em pleno Mestalla na última terça-feira, pela Copa del Rey, o que levou a torcida a protestar em frente ao estádio após a humilhação – algo que já se tornou comum nos últimos meses.
A fase tenebrosa é motivada por uma série de péssimas decisões tanto de Peter Lim, o “homem da grana”, quanto da executiva que ele escolheu para gerenciar o Valência: sua compatriota Lay Hoon Chan, empresária formada na Universidade Nacional de Cingapura e que ocupa a presidência do time desde julho de 2015.

Peter Lim (esquerda) e Jorge Mendes (direita)
Entre os atos trágicos, estão péssimas escolhas de treinadores, as promessas não cumpridas feitas a estes técnicos e também a contratação em “baciada” de reforços caros (e ruins) indicados pelo megaempresário Jorge Mendes, o mesmo de Cristiano Ronaldo. Além disso, a equipe espanhola não consegue controlar suas dívidas e vê o sonho da construção no novo estádio do clube, o Nou Mestalla, ficar cada vez mais distante. A arena já foi parcialmente erguida, mas as obras estão abandonadas por falta de verba.
Na última temporada, a primeira inteira de Peter Lim à frente do time, o clube terminou em 12º lugar no Espanhol. Antes disto, ele havia comprado a equipe em boa fase, já que na temporada 2014/2015, o Valencia ficou em quarto lugar e se classificou para a Champions, e semifinalista da Liga Europa (sendo eliminado aos 45 do segundo tempo num gol do jogador de Camarões, Stephane M’Bia, aliás gol qualificado, havia levado 2×0 do Sevilla no Sánchez Pízjuan e venceu por 3×1 no Mestalla).
Vamos agora ver o que deu errado nestes três anos da gestão de Lim:
NENHUM TREINADOR DURA NO CARGO
Desde que Peter Lim assumiu, em maio de 2014, cinco técnicos já passaram pelo Valencia: quatro efetivos e um interino. O último foi o italiano Cesare Prandelli, ex-comandante da seleção azzurra, que pediu demissão na semana passada, acusando o magnata asiático de não ter cumprido as promessas feitas a ele quando o contratou.
“Haviam me falado que trariam quatro jogadores. Mas, no dia 29, o plano se converteu em (Simone) Zaza ou um meio-campista. Poderia escolher somente um. Passamos de quatro para um. Eu queria o Zaza no dia 27, porém, para minha surpresa, quando cheguei de férias ele não estava lá”, disparou Prandelli.
Antes de Prandelli, passaram pela área técnica outros nomes menos conhecidos, como o português Nuno Espírito Santo (indicado por Jorge Mendes) e Pako Ayestarán, além do interino Salvador González Marco, o Voro, auxiliar que assumiu o comando interinamente entre contratações.
O pior nome disparado, porém, foi o inglês Gary Neville, outra indicação de Jorge Mendes. Ex-lateral direito e ídolo do Manchester United, Neville chegou sem nenhuma experiência prévia como treinador, já que vinha trabalhando como comentarista de televisão na Inglaterra, e, como esperado, foi um fracasso retumbante. Ao todo, o britânico conseguiu só 10 vitórias em 28 partidas, sendo demitido com o Valencia em 14º lugar, a seis pontos da zona do rebaixamento, depois de levar um humilhante 7×0 do Barcelona pela Copa del Rey, em um episódio deprimente.
JOGADORES CAROS NÃO CORRESPONDENDO
As contratações da era Peter Lim foram, na grande maioria, desastrosas. Desde que assumiu o time, o ricaço torrou milhões em reforços caros e inúteis (a maioria indicados Jorge Mendes), que só trouxeram prejuízo financeiro e esportivo.
Uma das piores contratações foi a do atacante Negredo, por quem Lim pagou €31 milhões (ou R$ 115,8 milhões – à época), o espanhol tinha 30 anos, fracassou de maneira melancólica, chegando até a ficar fora do banco de reservas em alguns jogos, e acabou emprestado ao Middlesbrough, da Inglaterra. Entre outras contratações consideradas “furadas” feitas por intermédio de Jorge Mendes, aparecem atletas como o atacante Rodrigo (€30 milhões) e o meia Enzo Pérez (€25 milhões), entre muitos outros.
A única transferência bem avaliada feita no “pacotão Mendes” foi a do zagueiro argentino Otamendi (ex-Atlético Mineiro), contratado por €15 milhões (R$ 51 milhões, na cotação atual) e vendido por quase o triplo ao Manchester City. Outras exceções foram o defensor alemão Mustafi, trazido por €8 milhões (R$ 27,25 milhões) e negociado com o Arsenal por €41 milhões (R$ 139,7 milhões), e o meia André Gomes, comprado por €20 milhões (R$ 68,1 milhões) e vendido por €55 milhões (R$ 187,4 milhões) ao Barcelona.

Ryan, um goleiro australiano bastante caro do Valencia que apenas é reserva de Diego Alves
As principais críticas são pelos altos valores investidos em contratações de jogadores de pouco impacto, como o tunisiano Abdennour, que custou €21,8 milhões (R$ 74,3 milhões), e o goleiro australiano Ryan, que custou €7 milhões (R$ 23,85 milhões) para ser reserva de Diego Alves.
Na última janela de transferências, os erros seguiram se repetindo. Caso, por exemplo, da contratação do veterano zagueiro Garay, 30 anos, que veio do Zenit por incríveis €24 milhões (R$ 81,8 milhões). Ainda foram gastos €8,5 milhões de euros (R$ 29 milhões) para tirar o irregular atacante Nani, do Fenerbahçe.
De acordo com o jornal Deporte Valenciano, o magnata asiático injetou até hoje €222 milhões (R$ 756,4 milhões) nos cofres dos “morcegos” desde maio de 2014. Segundo a revista especializada Forbes, a fortuna do magnata de 63 anos é de US$2,2 bilhões (R$ 7,2 bilhões), o que o coloca como 11º homem mais rico de Cingapura.
TORCIDA ABANDONA E PROTESTA CONTRA LIM
O desempenho desastroso do time em campo e a falta de perspectivas fizeram a torcida do Valencia ir gradativamente abandonando o Mestalla na temporada. Segundo levantamento do jornal Super Deporte, na terça, os “Morcegos” viram o número de torcedores cair em mais de 18.000 nos sete jogos feitos na arena até agora.
No primeiro jogo em casa na temporada 2016/2017, 37.144 pessoas acompanharam a derrota para o pequeno Las Palmas. Já contra o Málaga, em 4 de dezembro (última vez que a equipe atuou em seus domínios por La Liga), só 23.121 testemunhas apareceram. E uma coisa acompanha a outra: se antes era difícil derrotar o Valencia no Mestalla (em 2015, o clube era o 3º melhor mandante do Espanhol), hoje isso é muito fácil: a equipe tem o 2º pior desempenho atuando em casa, sendo melhor só que o Osasuna. Na atual temporada, foram só cinco pontos conquistados em sete jogos.
No dia 3 de janeiro de 2017, milhares de torcedores protestaram na porta do estádio, criticando principalmente Peter Lim pela crise e pedindo providências urgentes para ao menos evitar o rebaixamento para a segunda divisão, o que não ocorre desde 1985/1986.
Um time que no papel deveria brigar no mínimo pela quarta força espanhola, tendo no atual elenco um goleiro com recorde em pegar penais o Diego Alves, na zaga um titular da seleção da Argentina, o experiente Garay, e outro da seleção da França, Mangala. Na defesa, ainda conta com o lateral-direito João Cancelo, que provavelmente jogará no Barcelona. Do meio pra frente, nomes fortes como Enzo Pérez, Mário Suarez, Dani Parejo, Munir, Rodrigo Moreno.
Esperamos que aquele clube que vimos brilhar na virada do milênio retorne aos dias de glória, com ou sem investimento bilionário.
Semana que vem tem a segunda parte com um clube da terra da Rainha. Até lá!
Legal ler essa matéria de vocês e por falar em investimentos bilionários. Tivemos com sucesso porém tardio o surgimento do Chelsea FC e o Manchester City FC. Difícil não se lembrar de quando os Citizens contrataram junto ao Real Madrid o “Rei da Pedaladas” Robinho, contrataram também, Tevez, Elano, entre outros jogadores que estavam em seus auges na carreira e o que aconteceu com os Citizens? Nada. O time nadava, nadava e morria na praia. Porém nos últimos 5 anos (mais ou menos) acertaram a mão, principalmente com a chegada de Kun Agüero (vindo do Atlético de Madrid) e começaram a dar certo. A partir da atual temporada foram lá e trouxeram nada mais nada menos que PEP GUARDIOLA (que estava no “poderoso” Bayern de Munique) e estava indo bem na temporada. Chelsea do magnata russo Roman Abramovich também penou para se acertar, daí trouxeram um tal de José Mourinho que fez o time voltar a conquistar títulos e enfim conquistaram a UEFA Champions League na raça com dois técnicos “fracos” Roberto Di Matteo e Rafa Benítez (que só se deu bem pelo Liverpool e mais nada). Como descrito aí na matéria de vocês, o bilionário Peter Lim esta pecando nos treinadores. Não trouxe nenhum técnico badalado, mas tinha o italiano Cesare Prandelli que é um bom treinador. Prometem, mas não cumprem com o que falam e isso realmente deixa qualquer pê da vida. Se ele corrigir os erros e trouxer um técnico bom, creio que o Valencia se safa do rebaixado e mantendo o técnico o time pode fazer a próxima temporada melhor. Reconhecer os erros é primordial. Citizens e Blues fizeram isso e estão colhendo os frutos