Cada goleiro tem sua marca, alguns deixam saudades, alguns se tornam ídolos, alguns se tornam vilões e desafetos, este quadro vai pegar um jogo específico e marcante de cada goleiro analisado, discorrendo um pouco sobre o mesmo (sejam em times ou seleções) e irá comentar sobre a carreira do goleiro e curiosidades. O goleiro de hoje e que inaugura este quadro é um ídolo gremista, que precisou de apenas um jogo para se tornar ídolo do Grêmio e nunca mais sair da cabeça e do coração de cada gremista, mas se engana que este foi um jogo qualquer. Rodrigo José Galatto, ou melhor, apenas e simplesmente Galatto é o herói solitário escolhido para estreia deste quadro.
Era 26 de Novembro de 2005, o Grêmio estava na segunda divisão e precisava de apenas um empate para voltar à elite nacional e o jogo da vida seria fora de casa no Estádio dos Aflitos, contra o Náutico. Os alvirrubros se mostraram melhores e correram atrás mais do resultado, perderam um pênalti na primeira etapa com Bruno Carvalho chutando na trave. No segundo tempo, após uma baita confusão e com quatro jogadores a menos, o Náutico perde mais um pênalti, desta vez Galatto joga a bola para escanteio defendendo com o pé esquerdo. Mais tarde, Anderson abriria o placar para o Grêmio e o inacreditável aconteceria, Grêmio ganharia por 1×0 após toda esta confusão.
Todo goleiro sabe que pegar um pênalti não é uma tarefa fácil, cada um tem sua técnica para tentar salvar o time, é a última esperança do time inteiro. Contando minhas experiências no projeto Goleiro de Aluguel, me lembro de um jogo que cobri na Cia da Bola no Mossunguê, já havia jogado com o contratante e a outra vez, a meu ver e até dos demais, havia me saído melhor, mas do mesmo jeito saí aliviado não só porque ainda assim atuei bem, como também peguei um pênalti naquele jogo. Talvez nem todos que estejam a ler isto concordem, mas quem acha que fazer um golaço é a melhor coisa no futebol, é porque nunca pegou um pênalti.
Galatto nasceu em Porto Alegre e veio das categorias de base do Grêmio e a estreia dele no time profissional seria no dia 14 de Maio de 2005, contra o Criciúma no antigo estádio Olímpico Monumental, o Grêmio viria a vencer aquele jogo por 2×0. Aquele era jogo da quarta rodada do Grêmio no Campeonato Brasileiro da Série B 2005 e Galatto ganhou a oportunidade e a titularidade das redes gremistas naquela ocasião após a saída do então titular Eduardo Allax e continuou o restante da competição vestindo a número 1 azul marinho tricolor.
Naquele ano, com o jogo da Batalha dos Aflitos, Galatto, tão jovem já se sairia campeão da Série B e ídolo eterno dos gremistas. Em 2006, mais um título no currículo, o Campeonato Gaúcho de 2006 e em cima do rival Internacional, empatando a volta em 1×1 e garantindo o título com a regra dos gols fora de casa, mas Galatto foi o reserva naquela ocasião. Neste mesmo ano, Galatto retomaria a titularidade iria fazer um excelente campeonato brasileiro com o Grêmio, a equipe viria a terminar o Brasileirão na 3ª colocação e garantiria vaga para a Copa Libertadores do ano seguinte.
Em 2007 ficou na reserva gremista, após o Grêmio contratar o goleiro argentino Saja, que ganhou a titularidade. Apesar disto, participou do elenco que ganharia o bicampeonato Gaúcho em 2007 sobre o Juventude. Neste ano, o Grêmio terminara o campeonato brasileiro em sexto, mas o clube teria chego na final da Libertadores de 2007, sendo vice e perdendo os dois jogos para o poderoso Boca Juniors de Riquelme, Palacios, Palermo e companhia.
As lesões atrapalharam a carreira de Galatto. Em 2008 era o terceiro goleiro do Grêmio, atrás do titular Victor (que havia sido recém-contratado a pedido do técnico Vágner Mancini após o Grêmio não renovar com o Saja) e também era substituto de Marcelo Grohe (outro advindo da base tricolor e hoje é titular do Grêmio). No final de 2007 foi liberado pela direção para procurar outro clube e em 2008 se transferiu para o Atlético Paranaense, ganhou a titularidade e continuou titular do furacão até 2009, aonde ganhou o Campeonato Paranaense daquele ano, contudo, ao decorrer da temporada, acabaria revezando com o goleiro Vinícius.
Em 2010, Galatto foi emprestado e posteriormente vendido ao Litex Lovech da Bulgária, sendo a primeira aventura europeia do nosso goleiro de hoje, teve destaque por lá e no mesmo ano foi contratado pelo Málaga da Espanha, aonde ficaria apenas até o final da temporada, tempo suficiente para Galatto ter a oportunidade de enfrentar os melhores jogadores do mundo, como um ataque madrilense incrível composto por Cristiano Ronaldo, Dí Maria e Higuaín. No final de 2010, seria liberado pelo Málaga para procurar outro clube.
Após quase um ano sem jogar, Galatto teria uma mancha negativa na carreira, rumaria ao Neuchatel Xamax da Suíça e seria demitido após ter jogado apenas um jogo e ter ficado apenas uma semana no clube. A estreia (e despedida) foi em casa contra o Lucerne, perderiam por 3×0 o jogo. O Xamax nesta época vivia uma crise na diretoria, afinal naquele ano vários dirigentes seriam mandados embora e trocados, além de trocarem de técnicos três vezes em menos de dois meses.
Depois disto, voltou ao Brasil. Em 2013 foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Alagoano, jogando pelo CRB e conquistou o estadual por lá. No mesmo ano, acertaria sua ida ao Criciúma e jogaria novamente a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, mas foi dispensado ao término do campeonato brasileiro após a queda do tigre para Série B de 2015. Ainda jogaria pelo Juventude em 2015, mas não foi aproveitado. Atualmente, com 32 anos, está sem clube.
Galatto se encontrou recentemente com Samuel Toaldo, idealizador do projeto Goleiro de Aluguel. Samuel conta que antes mesmo de se encontrarem, Galatto já conhecia o projeto e conversaram mais sobre o projeto e a carreira do eterno gremista e ídolo tricolor. Galatto contou que estava sem clube e o Samuel ironizou, o chamando para participar do projeto, o resultado foi que os dois acabaram dando risada o Galatto mandou o Samuel se f*****.
E este foi o primeiro Muralhas Lendárias, trazendo a carreira de Galatto. Semana que vem trarei a carreira de outro goleiro, fazendo apologia a um jogo marcante deste goleiro e a carreira do mesmo em seguida. Espero que tenham gostado e até a próxima!
Filme “Inacreditável – A Batalha dos Aflitos” (filme do jogo entre Grêmio x Náutico relatado neste artigo)
Defesas de Galatto nos anos de 2009, 2010 e 2011.