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15/03/2016A Verdadeira “Mão de Deus”
Começamos a segunda edição do quadro Muralhas Lendárias nesta sexta-feira com o goleiro que foi vice-campeão na Copa do Mundo de 1994, nada mais nada menos que Gianluca Pagliuca, um goleiro que teve seu nome registrado na história das Copas do Mundo por conta de um lance que protagonizou em 1994, é um “título” na carreira dele, mas será que isto foi algo bom? É mais certo ter orgulho ou vergonha da verdadeira “Mão de Deus” das Copas do Mundo?
A Itália não fez a melhor fase de grupos, afinal na Copa de 1994 eram 24 países classificados, divididos em seis grupos com quatro seleções cada. Os dois primeiros de cada grupo se classificavam e também os quatro melhores terceiros colocados. A Itália de Pagliuca terminou no Grupo E em terceiro lugar e foi a quarta melhor seleção na terceira colocação, ou seja, se classificou às oitavas-de-final, mas com muito pouco. A Itália perdeu o primeiro jogo para os irlandeses por 1×0 e o segundo ganhou da Noruega por 1×0, neste jogo Pagliuca iria fazer história com a verdadeira “Mão de Deus”. Se engana quem acha que a “Mão de Deus” ocorrera com Maradona em 1986 com o gol de mão sobrea Inglaterra, a verdadeira “Mão de Deus” iria ocorrer neste jogo e entrar para a história das Copas do Mundo, Pagliuca protagonizaria um pioneirismo inédito aos goleiros em todas as Copas. Mas como foi este lance? Que lance seria este? O que seria então a verdadeira “Mão de Deus”?
O jogo ainda estava 0x0 aos 21 minutos do primeiro tempo e em uma jogada excelente e envolvente, a seleção norueguesa deixou o atacante cara-a-cara com Pagliuca, que saiu do gol, acabou saindo da área e o atacante norueguês chutou, Pagliuca defendeu com a mão e fora da área, o juiz viu, marcou a falta e expulsou Pagliuca, naquele momento, Pagliuca entraria para a história das Copas, se tornando o primeiro goleiro de sempre a ser expulso em jogo de Copa do Mundo. Roberto Baggio foi substituído para a entrada do goleiro reserva Marchegiani e, com muita sorte e um a menos, a Itália vencera a Noruega por 1×0 com um gol de Dino Baggio aos 24 minutos do segundo tempo. Este fato de um goleiro ser expulso em um jogo de Copa do Mundo só viria a se repetir apenas uma única vez, em 2010 com Khune, da África do Sul, sendo expulso após cometer um pênalti em Luis Suárez.
Após o jogo contra a Noruega, Pagliuca pegou dois jogos de suspensão e acabou substituído por Marchegiani nestes dois jogos, não jogando contra o México ainda pela fase de grupos, jogo que terminou empatado em 1×1, e também não jogou as oitavas-de-final contra a Nigéria, em que a Itália saiu perdendo para os nigerianos, empatou com Roberto Baggio aos 43 minutos do segundo tempo e virou com mais um gol de Roberto Baggio, de pênalti, aos 12 minutos do primeiro tempo da prorrogação. Pagliuca voltaria a guardar as redes italianas nas quartas-de-final contra a Espanha e seguira na titularidade até a final do mundial. A Itália perdera a final para o Brasil nos pênaltis.
Pagliuca também fez muita história nos clube em que passou, sempre teve carreiras longas em todos os times. Ele nasceu em 1966 na cidade de Bologna e ingressou na base do time da cidade, o Bologna FC 1909. Entretanto, profissionalmente, Pagliuca estrearia atuando pelo Sampdoria, estreando profissionalmente com o belo uniforme do Sampdoria em 1987 (melhor época de uniformes do futebol foram os anos 80 e 90, aonde as camisetas eram muito produzidas e recheadas de detalhes bonitos). Pagliuca fez história pelo Sampdoria, conquistando uma Serie A, uma Supercoppa Italiana e três Copa Italia. Na UEFA Champions League 1991/1992, Pagliuca chegou com o Sampdoria na final do torneio, mas perderam a final por 1×0 para o Barcelona.
Atuando pelo Sampdoria, Pagliuca jogou duas Copas do Mundo, a primeira foi em 1990 e terminou em terceiro lugar com a Itália, era o terceiro goleiro na ocasião e também, como já dito, jogou a Copa do Mundo de 1994 e terminou vice- campeão. Ao término da Copa do Mundo de 1994, Pagliuca rumou para a Internazionale, sendo vendido por £7.000.000, e não teve uma carreira lá muito vitoriosa em relação à carreira que teve no Sampdoria.
Pagliuca jogou na Internazionale de 1994 até 1999, conseguiu uma conquista pessoal por lá, sendo eleito pelo Guerin Sportivo o melhor jogador da Serie A de 1996/1997, nesta mesma temporada, Pagliuca com a Internazionale terminaria em terceiro lugar na Serie A e seria vice-campeão na Europa League: no primeiro jogo da final contra o Schalke 04, os alemães venceriam em casa por 1×0, a Internazionale retribuiria o placar em casa com um gol de Zamorano aos 40 minutos do segundo tempo, a disputa iria para os pênaltis e o Schalke 04 ganharia de 4×1 nas penalidades máximas. O Schalke 04 converteria todos os chutes, enquanto Zamorano iria parar no também lendário Jens Lehmann e Winter iria chutar para fora.
Porém, na temporada seguinte (temporada 1997/1998) o único título em equipe conquistado por Pagliuca enquanto goleiro da Internazionale viria, enquanto amargurou-se na temporada passada o vice da Europa League, na próxima temporada a Internazionale viria a ser campeã do torneio em que, diferente da edição passada, a final foi em jogo único, a Internazionale enfrentou os também italianos da Lazio e ganharam por 3×0, com gols de Ronaldo, Zamorano e Zanetti. Pagliuca foi quem levantou a taça, ele era o capitão da Internazionale na altura.
Ainda pela Internazionale, Pagliuca jogou a última Copa do Mundo pela Itália e foi titular mais uma vez, desta vez usando a camiseta número 12 e seria também os últimos jogos de Pagliuca com a camiseta azurra, visto que seria substituído posteriormente por goleiros mais novos, como Toldo e Buffon, Pagliuca jogou 39 jogos oficiais com a camisa da seleção italiana principal. Na Copa do Mundo de 1998, a Itália seria eliminada pelos donos da casa e futuros campeões, a França, nas quartas-de-final e nos pênaltis: o jogo terminara 0x0 e seguira pelo mesmo placar na prorrogação e iria para os pênaltis, Pagliuca ainda pegara o pênalti de Lizarazu, mas posteriormente Albertini iria parar em Barthez e Di Biagio desperdiçaria a última penalidade e daria a vitória à França chutando no travessão.
Pagliuca seguiu pela Internazionale até o ano seguinte, em 1999 voltaria para o time aonde tudo começou, o time da cidade em que nasceu, o Bologna. Pelo Bologna o máximo que iria conquistar seria um título individual, sendo eleito mais uma vez o melhor jogador da temporada, desta vez da temporada 2004/2005, e agregaria uma mancha na carreira nesta mesma temporada, afinal o Bologna seria rebaixado e disputaria em 2005/2006 a Serie B. Pagliuca jogaria só mais aquela temporada pelo Bologna, que iria terminar a segunda divisão da Itália na oitava colocação e não retornaria a elite italiana.
A temporada 2006/2007 seria a última da carreira de Pagliuca, que jogaria novamente a primeira divisão, mas agora pelo Ascoli e seria mais uma vez rebaixado, que terminara aquela temporada na 19ª colocação. Pagliuca iria encerrar a carreira um pouco em baixa, mas iria entrar para os recordes da elite italiana, sendo até hoje o goleiro que mais atuou pela Serie A e o quarto jogador que mais jogou a primeira divisão italiana com 592 partidas, perdendo apenas para Maldini, Totti e Zanetti e também é o goleiro que mais pegou pênaltis na Serie A, com 24 defesas de pênalti. Pagliuca e Taffarel são os únicos dois goleiros a defenderem pênalti em final de Copa do Mundo, ambos em 1994, e Pagliuca foi o primeiro.
E este foi o segundo Muralhas Lendárias aqui no Goleiro de Aluguel, espero que tenham gostado da abordagem da carreira de Gianluca Pagliuca, aquele “beijador de traves” que foi salvo por uma trave na final da Copa do Mundo de 1994 após falhar e quase tomar um “frango”, mas sairia derrotado nos pênaltis graças a incompetência dos jogadores italianos nas penalidades, visto que ele ainda defendera um pênalti na disputa. Sexta-feira que vem estarei abordando a carreira de mais um goleiro, dando ênfase a algum jogo marcante também como fiz estas duas vezes, estejam livres para dar sugestões de abordagem de carreiras se desejarem. Até a próxima!
Itália 1×0 Noruega na Copa do Mundo de 1994 (lance da expulsão de Pagliuca em 0:56)