Na Baliza #02 – Tim Howard
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No mundo do futebol, alguns fazem história logo no começo da carreira, como Valdir Espinosa, que conquistou a América do Sul e o mundo com o Grêmio em 1983, logo em seu terceiro ano na carreira de treinador, ou como Zinedine Zidane, que com apenas cinco meses trabalhando como treinador arrematou uma UEFA Champions League com o Real Madri. Outros, entretanto, fazem o melhor e eternizam uma história em algum lugar ao final da trajetória, aos “46 do segundo tempo”, como foi com Clemer, goleiro abordado aqui no Muralhas Lendárias de hoje, que apesar de tudo, é o goleiro mais vitorioso com a camisa do Internacional de Porto Alegre.
Clemer nasceu em 20 de Outubro de 1968, na cidade de São Luís do Maranhão e o nome dele, coincidentemente, é em homenagem a Ray Clemence, que se destacou no Liverpool. Clemer destacou-se pela altura (ele tem 1,91m), era o mais alto da turma no colégio e defendia o time no bairro, que por coincidência, o time que defendia nos campeonatos do bairro era o Internacional. Não entendeu? Ele relatou: “A molecada se fardava com os uniformes dos times. Tinha Flamengo, Grêmio, Vasco e Inter. Quis o destino que eu vestisse desde então as cores do Inter”, relembrando os campeonatos regionais que disputava quando adolescente.
Clemer iniciou a carreira no Maranhão Atlético Clube, até ser contratado pela tradicional equipe maranhense do Moto Club, time pelo qual viria a se profissionalizar aos 19 anos, em 1987. No ano seguinte, Clemer rumou para equipes do interior paulista, primeiro ao Guaratinguetá; jogou também no Santo André e no Catanduvense, até retornar ao Maranhão Atlético Clube em 1990, ficara por lá até 1992, sem títulos e destaque. Voltou ao Moto Club em 1993 e no ano seguinte, começara a alavancar a carreira ao ir para o Remo.
Logo no primeiro ano pelo Remo, Clemer conquistou o primeiro título da carreira, ao ser campeão estadual paraense, vencendo o rival Paysandu na final; a ida resultou em um empate em 1×1, mas a vitória por 2×0 na volta consolidaria o título ao Remo. Entretanto, no Campeonato Brasileiro daquele ano, o Remo de Clemer não teria tantas alegrias, afinal terminara em 23º lugar dentre 24 equipes, terminando o campeonato com seis vitórias, cinco empates e treze derrotas, ficando na frente somente do Náutico; sendo rebaixado para a Série B do ano seguinte.
Em 1995, o Remo de Clemer foi campeão direto, ganhando o primeiro e o segundo turno do Campeonato Paraense, não precisando de final, além de ter sido campeão invicto do torneio. As boas atuações de Clemer debaixo das metas do Remo o fizeram ganhar destaque no cenário nacional, e ele se transferiu na metade de 1995 para o Goiás, que havia conquistado o acesso um ano antes e iria disputar a primeira divisão nacional. Neste ano, o Goiás caiu na chave B e não classificaria para as fases finais, afinal na primeira etapa terminou em sexto e na segunda etapa terminou em terceiro; como apenas os primeiros colocados iriam para a próxima fase de cada grupo em cada etapa, o Goiás de Clemer ficou pelo caminho.
Clemer se sagraria campeão goiano em 1996, com o Goiás vencendo o Anápolis por 2×1 na final. No meio do ano, Clemer trocaria de clube mais uma vez, rumando para a Portuguesa de Desportos, que era um dos principais times do Brasil na altura e que alavancaria de vez a carreira de Clemer. Dentre as 24 equipes da primeira divisão brasileira, a Portuguesa terminou a primeira fase em oitavo lugar, ficando com a última vaga para a próxima fase. Apesar da classificação, Portuguesa enfrentaria grandes desvantagens pela frente, a primeira é que em todas as vezes os jogos seriam decididos fora do Canindé, e a outra é o saldo de gols (ou seja, se o jogo da ida terminasse para 1×0 para o time A e o segundo jogo terminasse 1×0 para o time B, se classificaria a equipe que tivesse melhor campanha na primeira fase).
Entretanto, a Portuguesa de Clemer pareceu não se importar com isto, visto que logo nas quartas-de-final contra o líder da primeira fase (o Cruzeiro), a Portuguesa venceu a ida em casa por 3×0 e a derrota na volta por 1×0 não foi suficiente para os cruzeirenses os eliminarem. Nas semifinais, contra o Atlético Mineiro, a Portuguesa venceu a ida por 1×0 e a volta foi marcada por um incrível empate em 2×2 que garantiu a Portuguesa na final do Brasileirão de 1996 contra o Grêmio. A ida, no Canindé, terminou em 2×0 para a Portuguesa, com gols de Gallo e Rodrigo Fabri, parecia que o primeiro título nacional de Clemer estava a surgir! Na volta, no Olímpico Monumental, o Grêmio saiu ganhando logo aos três minutos do primeiro tempo, com o diabo loiro Paulo Nunes vencendo Clemer; seria necessário se segurar o jogo inteiro. Clemer, junto com a Portuguesa, aguentou firme até os 39 do segundo tempo, quando Aílton meteu uma bomba indefensável e vazou Clemer, garantindo o bicampeonato ao Grêmio e o vice da Portuguesa. O primeiro título nacional de Clemer (e da própria Portuguesa) bateu na trave.
Pela Portuguesa, Clemer jogou só mais o Campeonato Paulista de 1997, em que a Portuguesa fora eliminada na primeira fase; no meio daquele ano iria para o Flamengo, assumir o lugar deixado pelo goleiro Zé Carlos, que havia rumado para o Vitória; que havia saído contestado por ter sido acusado de falha na final do Torneio Rio-São Paulo de 1997, sendo o principal culpado pelo vice do Flamengo frente ao Santos.
Na estreia pelo Flamengo, Clemer perdeu em casa para o Santos por 3×2, mas o mal resultado na estreia não iria condizer com o desempenho dele pelo Flamengo. Em 1997 e 1998, Clemer passou em branco com o rubro-negro e sem títulos, em 1999 as coisas começavam a mudar para Clemer no Flamengo. Primeiro, Clemer se sagraria campeão carioca, ao conquistar a Taça Guanabara e vencer a final sobre o Vasco da Gama, empatando a ida em 1×1 e ganhando a volta por 1×0. Outro título viria neste mesmo ano, na Copa Mercosul: o Flamengo caiu no Grupo E junto com o Olímpia do Paraguai e o Colo-Colo e Universidade de Chile, ambos do Chile. O Flamengo passou às quartas-de-final após terminar em segundo lugar no grupo, somando três vitórias, um empate e duas derrotas. Passaram pelo Independiente nas quartas-de-final, após empatar a ida em um gol e vencer no Rio por 4×0. Nas semifinais, contra o Peñarol, vitória por 3×0 na ida e a derrota por 3×2 no Uruguai não seria suficiente para tirar a vaga do Flamengo, que se tornou campeão em cima do Palmeiras, após vencer no Maracanã por 4×3 a ida e empatar em 3×3 a volta para conquistar o título. Ao menos isto para se comemorar, pois no Campeonato Brasileiro não foram longe, sendo eliminados na primeira fase, enquanto na Copa do Brasil seriam eliminados nas quartas-de-finais pelo Palmeiras, após vencer a ida por 2×1 e perder por 4×2 a volta em uma virada histórica, em um jogo histórico para o Palmeiras.
Em 2000, o Flamengo de Clemer iria fazer mais uma vez o rival Vasco da Gama de freguês no estadual. Após não ter ido bem na Taça Guanabara, o Flamengo venceu com folga a Taça Rio e iria decidir a final contra o Vasco da Gama, e iriam passar por cima do grande rival após vencer a ida por 3×0 e a volta por 2×1. No Campeonato Brasileiro de 2000 (Copa João Havelange), o Flamengo não iria longe e iria ser eliminado logo na primeira fase do torneio (conheça toda a história e contexto da Copa João Havelange e aproveite para conhecer a carreira de Silvio Luiz clicando aqui). Em 2001, o Flamengo iria conquistar o tricampeonato carioca, mais uma vez em cima do Vasco da Gama, naquele ontológico e histórico gol de falta de Petkovic aos 43 do segundo tempo, mas na altura já era reserva; afinal, a profissionalização de Júlio César fez com que Clemer fosse “jogado para escanteio” no Flamengo, por lá, ele seguiu até a metade 2002, quando se transferiu para o Internacional de Porto Alegre.
Na primeira temporada pelo Inter, Clemer foi um fiasco junto com o time, marcado por instabilidades e ficou lembrado por falhas e frangos, ainda o time quase caiu para a segunda divisão (correm boatos que a diretoria do Internacional pagou uma certa quantia ao Paysandu para ajudar o colorado a não cair). Em 2003, mais um estadual na conta de Clemer, que venceu o gaúchão em cima do XV de Novembro e estragou o centenário dos rivais gremistas, que não ganharam nada. Em 2004, veio o bi campeonato, agora em cima do Ulbra; entretanto, estas campanhas de 2003 e 2004 do Inter foram regulares e medianas. Em 2005, o Inter iria arrematar outro gaúchão em cima do XV de Novembro e neste mesmo ano, com 37 anos, Clemer começaria a escrever uma bela história recheada de títulos.
O Internacional era para ter sido o campeão brasileiro de 2005, mas com um grotesco erro do árbitro Márcio Rezende de Freitas em um pênalti claríssimo do goleiro Fábio Costa em Tinga que não foi assinalado e sem contar com todo aquele escândalo da “Máfia do Apito”, foi provado que o Corinthians havia comprado o Brasileirão de 2005 para si e nada aconteceu ao Corinthians (se fosse na França, de Fabien Barthez, seria diferente). O Inter não saiu-se campeão, mas saiu vice e ganhou vaga direta para a Libertadores de 2006. Após fracassar no tetracampeonato gaúcho, em que os colorados perderam para os rivais gremistas, o Inter faria história e Clemer seria uma das principais peças!
O Inter caiu no Grupo 06 da Libertadores, junto com o Nacional do Uruguai, União Maracaibo da Venezuela e Pumas UNAM do México e terminou em primeiro na chave, com quatro vitórias e dois empates, tendo a segunda melhor campanha geral. Nas oitavas-de-final, enfrentaram o mesmo Nacional do Uruguai da fase de grupos e os eliminaram após vencer a ida no Uruguai por 2×1 e empatar sem gols a volta. Nas quartas-de-final, após perder por 2×1 a ida no Equador, eliminaram a LDU ao vencer por 2×0 em casa. A vaga para a final seria garantida, após empatar sem gols a ida no Paraguai com o Libertad e vencer por 2×0 a volta no Beira-Rio; e seria uma final brasileira, contra o São Paulo, atual campeão da Libertadores e do mundo que buscava a segunda seguida e o tetracampeonato, enquanto o Inter havia apenas chegado uma vez em final de Libertadores e perdido para o Nacional do Uruguai, em 1980. A primeira partida seria no Morumbi, lotado, e a boa exibição de Clemer combinada a uma atuação inspiradíssima de Rafael Sóbis, fizeram o Inter calar o Morumbi com uma vitória por 2×1. Na volta, em casa, no Beira-rio, o Inter empatou em 2×2 e conquistou o título inédito de maior clube da América do Sul.
No final daquele mesmo ano, o Inter iria enfrentar o poderoso Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, extremo favorito. Para isto, primeiro o Inter tinha que passar pelo Al-Ahly, do Egito, nas semifinais e o fizeram após vencer por 2×1. A partida estava marcada, Barcelona contra Internacional: o Barcelona dominou mais o jogo, criou muito mais chances que o Inter, mas Clemer segurou bem junto com toda defesa colorada, tudo parecia perdido quando o craque e capitão Fernandão se lesionou e teve de sair, entrando Adriano Gabiru no lugar… Mal sabiam que Gabiru iria marcar o gol do título mundial ao Inter, aos 39 do segundo tempo, após grande jogada de Iarley. Clemer faria história com o Internacional, se tornando campeão do mundo.
Em 2007, o Inter passou um pouco em branco, mas conseguiu faturar a Recopa Sulamericana (torneio disputado entre o campeão da Libertadores e o da Sulamericana) contra o Pachuca, do México, após perder a ida por 2×1, o Inter garantira o título vencendo em casa por 4×0. Em 2008, Clemer faria ainda mais história, a começar consigo mesmo, voltando a vencer o Campeonato Gaúcho, em cima do Juventude; após perder a ida por 1×0 (em que o goleiro Michel Alves do Juventude catou tudo nesta partida, posteriormente ele viria a jogar no Internacional), o Inter aplicou incríveis 8×1 no Juventude, sendo que o gol do Juventude foi marcado por Índio, contra, e o último gol colorado foi anotado por Clemer, de pênalti, o único da carreira.
Naquele mesmo ano, o Inter vencera a Copa Sulamericana, mas com Clemer no banco de reservas após decorrer da competição, o titular virou Lauro: primeiro iria eliminar os rivais gremistas, após empatar a ida em 1×1 no Beira-rio e em 2×2 no Olímpico, o Internacional se classificou às oitavas-de-final graças a regra dos gols fora (Clemer falhou no segundo gol gremista, mas nada que atrapalhasse a classificação colorada). Nas oitavas-de-final, mais uma vez a regra dos gols fora de casa iriam favorecer ao Inter, após empatar em 1×1 contra o Universidade Católica na ida, a volta em casa e um empate sem gols garantiram o Inter na próxima fase. Agora seria uma série de jogos históricos, mas que agora o titular seria Lauro, não mais Clemer; primeiro a classificação sobre o Boca Juniors, vencendo no Beira-rio e historicamente na La Bombonera, depois, nas semifinais, um massacre sobre o Chivas Guadalajara, vencendo a ida no México por 2×0 e em casa por 4×0. A final seria contra o Estudiantes, da Argentina, venceram a ida na Argentina por 1×0, na volta, em casa, o Inter perdeu por 1×0 no tempo normal, mas garantiu o título empatando com um gol chorado de Nilmar na prorrogação. O Inter conquistou mais este título inédito, não só ao Inter, mas ao Brasil, que nunca antes um time brasileiro havia ganho uma Copa Sulamericana.
Ainda em 2008, os rivais gremistas lideraram o Campeonato Brasileiro inteiro, mas pipocaram e saíram vice, e podemos dizer que o Inter de Clemer ajudou nisto, afinal o Inter aplicou um histórico 4×1 no GreNal 373.
No ano seguinte, o goleiro mais vitorioso que passou pelo Internacional iria se aposentar, sem antes se sagrar campeão por mais duas vezes, mesmo que na reserva de Lauro, primeiro do gaúchão, em que o Inter dominou vencendo o turno (Taça Fernando Carvalho) em cima do Grêmio e o returno (Taça Fábio Koff) em cima do Caxias do Sul, aplicando outro 8×1. Outra vez na reserva, desta vez de Michel Alves, o Inter foi campeão da Suruga Bank (torneio disputado no Japão entre o campeão da Sulamericana e da Liga Japonesa, ambos do ano anterior), após vencer o Oita Trinita por 2×1. No final de 2009, Clemer aposentou as luvas e seguiu outros rumos dentro do futebol: seguiu como preparador de goleiros no Inter (pode-se dizer que ele ajudou no bicampeonato da Libertadores do colorado, em 2010, pois era o preparador dos goleiros Pato Abbondanzieri e Lauro) e até assumiu o cargo de técnico do Inter, em 2013, após demissão do Dunga. Como treinador, apenas um título, pelo clube Sergipe, de Aracaju, de campeão estadual sergipano em 2016.
E esta foi a décima-oitava edição do Muralhas Lendárias aqui no Goleiro de Aluguel! Espero que vocês tenham gostado da abordagem da carreira do ídolo colorado, Clemer. Semana que vem o quadro volta abordando a carreira de mais um goleiro lendário que já se aposentou do mundo do futebol. Até a próxima!
GRANDES DEFESAS DE CLEMER
2 Comments
O Corinthians comprou o teu cú, o cú da tua mãe, o cú da tua irmã e o cú do teu pai.
Senhores, aqui temos o famoso valentão da internet que não consegue interpretar textos e fatos, mas xingar ele sabe muito bem. A convivência na casa dele e com seus pais deve ser maravilhosa!