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Estes dias eu estava no Facebook e vi um post de um modinha que começou a ver futebol ontem dizendo “que triste ver um time que já disputou final de UEFA Champions League hoje estar se contentando com a Liga Europa”, se referindo ao Borussia Dortmund. Realmente estes modinhas da Geração PlayStation e totalmente contaminados pela escória chamada “futebol moderno” não sabem que isto é um leve alto e baixo de um time tradicional e não uma destruição como vemos acontecer com vários times brasileiros. Vocês já devem ter notado em edições passadas à aversão ao futebol moderno e elitizado que este quadro traz, mas hoje, mais do que nunca e homenageando Silvio Luiz, estará mais do que dado todo apoio ao futebol popular.
Tudo bem, o Borussia Dortmund é um grande time e fez com que muitas pessoas simpatizassem (jamais diria torcer) com o mesmo, pois conseguiu umas façanhas como eliminar o Real Madrid na UEFA Champions League recentemente (a maioria dos seus “torcedores” nem devem saber que o Borussia Dortmund já ganhou uma UEFA Champions League) e isto é algo que empobrece o futebol, principalmente o futebol nacional. Entretanto tem coisa pior: ver times que já figuraram o cenário nacional se encontram na segunda divisão estadual e, por vezes, fora do contexto nacional; times que surpreenderam e/ou eram grandes potências nacionais, mas por conta de várias causas estão hoje em pandarecos, tais como o Guarani, Grêmio Barueri, Ipatinga, Gama, Santo André, Paulista de Jundiaí e o time do coração da muralha de hoje, São Caetano, um time fruto de São Caetano do Sul, do ABC paulista, que já foi duas vezes vice-campeão brasileiro, vice-campeão da Libertadores, mas que hoje não tem divisão nacional e está na segunda divisão estadual.
O pior é ver que todos estes times citados no parágrafo anterior são extremamente populares, tradicionais e representam cidades e povos, mas estão a perder espaços para times sem expressão e criados por empresas e empresários, sem identificação nenhuma com povos e cidades, caso de “times” como Audax e RB Brasil. Isto sim são fatos tristes, isto sim é de se pensar, pois nosso tão amado futebol está sendo morto pelo dinheiro e pela mídia. Nada contra quem gosta do Borussia Dortmund, mas ele estar na situação que está hoje não é algo triste e, infelizmente, a elitização e “modernização” do futebol é um caminho que, provavelmente, não terá volta, aliás o próprio Brasil vem sofrendo com jogadores e clubes, esperamos que tudo isto que muitos clubes já citados sofreram não venha a acontecer com outros times, tais como Chapecoense, Ponte Preta, Santa Cruz e Paraná Clube.
Acompanhar a Suburbana, assim como terceira e quarta divisão nacional é sempre muito bom, afinal nestes lugares você encontra o mais puro do futebol, o que ele realmente é, o povo que o futebol é, não está escória de “futebol moderno” que estraga nosso tão amado esporte. Por tudo isto e muito mais este apelo, assim aproveitando o gancho e análise da carreira de Silvio Luiz.
Silvio Luiz foi um goleiro carioca nascido em primeiro de março de 1977 e já está aposentado, ou seja, se aposentou precocemente e falaremos sobre isto com o decorrer da análise à carreira do goleirão de hoje. Silvio Luiz passou primeiramente pelo Vasco da Gama e depois pelo Flamengo durante a carreira juvenil, no rubro-negro faria toda a carreira jovem, mas, profissionalmente, Silvio Luiz estrearia com dezenove anos em outro estado, pelo estado paulista no clube São Carlense. No ano seguinte (1997), já com empresários, viria a jogar pelo time do Mirassol, que na época jogava na Série A3 do campeonato paulista e por sinal foi campeão daquela edição após terminar em primeiro lugar na segunda fase do campeonato, que contava com Olímpia, União Barbarense (que também subiu para Série A2 junto com o campeão Mirassol) e o próprio São Caetano, time que tornaria Silvio Luiz reconhecido.
Em 1998, Silvio Luiz iria para o AD São Caetano e por lá tornara-se reconhecido e faria a carreira. Ganhara mais uma vez a terceira divisão do campeonato paulista, agora em 1998 pelo azulão do ABC, após ganhar a final deste campeonato (regulamento diferente da edição anterior) ao vencer os dois jogos contra o Esporte Clube Taubaté, o primeiro jogo fora de casa por 4×2 e o segundo em casa por 1×0. O São Caetano, a partir de então, parecia ser um clube que, apesar de novo, estava predestinado a glórias: foi o que vimos com o tempo, mas não é o que vemos hoje.
Com este título, Silvio Luiz jogou a terceira divisão nacional com o São Caetano (na época não tinha quatro divisões nacionais, eram três). O azulão de Silvio Luiz terminou o Grupo 9 em primeiro lugar da competição, grupo que contava com seis times (incluindo São Caetano) e todos paulistas; depois de dez jogos, o São Caetano passou de fase após oito vitórias e dois empates. Na segunda fase, passara pelo São José do Rio Grande do Sul ganhando os jogos em casa e fora (em casa por 2×0 e fora por 2×1), na terceira fase passara pelos goianos do Anápolis, novamente ganhando os jogos dentro e fora de casa (em casa por 1×0 e fora por 3×1) e na quarta fase eliminara os também paulistas do Rio Branco, ganhando a ida em casa por 2×0 e empatando a volta fora por 1×1. Com isto, o São Caetano se classificou a fase final da Série C e após mais seis jogos, com duas vitórias, dois empates e duas derrotas, o São Caetano terminara a terceira divisão de 1998 como vice-campeão, perdendo apenas para o Avaí na classificação final e garantindo acesso à segunda divisão nacional no ano seguinte.
Em 1999, o São Caetano de Silvio Luiz não passaria da chamada “zona do agrião” nas competições em que disputou, indo até bem na primeira fase, mas sendo eliminado em fases posteriores e permaneceu na Série A2 do Paulista e na segunda divisão do Brasileirão também. Entretanto, no ano 2000 não tivemos campeonato brasileiro organizado pela CBF, afinal, em 1999, ocorreu o “Caso Sandro Hiroshi”, que foi um jogador do São Paulo que havia adulterado a idade dele anos antes e com esta descoberta, Botafogo-SP entrou com recurso no STJD recorrendo da partida e pedindo os três pontos que o São Paulo havia conquistado em cima do time após vencer os mesmos por 1×0, o Internacional fez o mesmo e conseguiu um ponto por ter empatado em 1×1. Com esta confusão toda, os rebaixados daquele ano foram Gama, Paraná Clube, Juventude e o Botafogo-SP, com um critério inédito na história dos brasileirões: por terem as piores médias de pontos das temporadas de 1998 e 1999. O Gama não gostou da ideia de ser rebaixado e foi à justiça comum e ganhou a causa, impedindo que a CBF organizasse o Campeonato Brasileiro em 2000, que foi organizado pelo Clube dos 13 e dado o nome de “Copa João Havelange”, em homenagem ao ex-presidente brasileiro da FIFA.
O ano 2000 seria um ano de várias glórias ao azulão de Silvio Luiz, que seria campeão do 2º turno da Série A2 do Campeonato Paulista após vitórias expressivas na divisão de acesso e no ano seguinte viria a disputar a elite do paulistão e o azulão teve o artilheiro da competição: Túlio Maravilha, com 18 gols. Na competição posterior, a Copa João Havelange contava com 116 equipes (o maior Campeonato Brasileiro da história) divididas em quatro módulos: módulo azul (com 25 equipes da Série A e B), o módulo amarelo (em que o São Caetano estava, contava com 36 clubes da Série B e C), o módulo branco (com 28 clubes da Série C e das regiões sul e sudeste brasileiro) e o módulo verde (com 27 clubes da Série C, das regiões norte, nordeste e centro-oeste brasileiro).
É muita história para contar deste brasileirão (e em verdade que contar a passagem de Silvio Luiz pelo São Caetano é contar nada menos que a história do clube): o São Caetano estava no módulo amarelo como dito anteriormente, os 36 clubes deste módulo foram divididos em duas chaves com 18 equipes cada, que iriam jogar em turno único jogos contra todas as outras equipes do grupo, os oito melhores de cada grupo iriam para um mata-mata final e os três primeiros colocados deste mata-mata iriam para a fase final da Copa João Havelange. O São Caetano teve a melhor campanha do módulo amarelo, terminando em primeiro lugar no grupo com onze vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas nos dezessete jogos disputados no grupo em que estava. No mata-mata, o adversário das oitavas-de-final seria o CRB de Alagoas, o azulão se classificara após empatar o primeiro jogo em 1×1 e ganhar o segundo jogo por expressivos 4×1; nas quartas-de-final, o adversário fora o Náutico, em que o primeiro jogo o São Caetano perdeu de 1×0, mas ganhou o segundo por incríveis 6×2 sobre o alvirrubro; nas semifinais, o adversário foi o Papão, empatando o primeiro jogo em 1×1 e na volta se classificou para a final em um emocionante 5×4 em cima do Paysandu; a final foi contra o Paraná Clube e o azulão de Silvio Luiz foi vice do mata-mata após empatar a ida em 1×1 fora de casa e perder por 3×1 a volta em “casa” (jogo não foi no Anacleto Campanella, estádio do azulão, que estava em reformas, e sim no Parque Antártica), mas foi suficiente para chegar às finais da Copa João Havelange.
Na fase final, o São Caetano iria enfrentar nas oitavas-de-final o Fluminense (time que, junto com o Bahia, foi beneficiado com o “caso Sandro Hiroshi” subindo, em tese, da terceira para a primeira divisão direto, mas o Bahia já pagou a Série B que devia, diferente do Fluminense). No primeiro jogo em casa, o São Caetano saiu perdendo por 2×0, mas virou o jogo ainda no primeiro tempo, o Fluminense conseguiu empatar em 3×3 no segundo tempo e assim terminou a ida. Na volta, no Maracanã, um “Maracanazo” para o Fluminense, que tinha todo o favoritismo ao lado deles, mas que não contava com a superioridade azul e uma bomba de Adhemar, gol que calou o Maracanã e deu a vitória por 1×0 ao São Caetano, classificando o azulão para as quartas-de-final.
Nas quartas-de-final, na prática, o São Caetano jogaria duas vezes fora de casa visto que o adversário seria o Palmeiras e ambos os jogos seriam no Parque Antártica; na ida (e com dito mando do São Caetano), o São Caetano saiu ganhando por 2×0, Arce diminuiu para o Palmeiras, o São Caetano fez 3×1, o Palmeiras diminui ainda no primeiro tempo, empata no segundo, mas Adhemar faz 4×3 para o azulão e dá a vitória ao time de São Caetano do Sul. Na volta, o São Caetano saiu perdendo por 2×0, mas alcançou o empate, o jogo terminou 2×2 e o São Caetano de Silvio Luiz se classificara para as semifinais da competição nacional e iria enfrentar o também tradicional Grêmio.
Nas semifinais, Ronaldinho Gaúcho, que ainda jogava no Grêmio faria dois gols em Silvio Luiz na ida em Parque Antártida, não suficiente para evitar a derrota gremista por 3×2. Na volta, no Olímpico, o Grêmio sairia ganhando por 1×0, com um gol contra de Serginho, mas o São Caetano dominara o segundo tempo e ganhara o jogo por 3×1, fazendo com que a gigante sensação nacional se classificasse para a final contra o Vasco da Gama! O primeiro jogo da final foi no Parque Antártica e terminou empatado em 1×1, com César abrindo o placar para o azulão e Romário empatando o jogo. Na volta da grande final, que seria três dias depois, ocorreu um episódio lamentável.
A grande final da Copa João Havelange estava marcada para o dia 30 de Dezembro de 2000 e seria no Maracanã, mas o presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda, fez de tudo para que o jogo fosse em São Januário e conseguiu. São Januário lotou no dia e até muitas pessoas entraram sem pagar, o que fez com que parte do estádio superlotasse e tal pedaço da arquibancada viesse abaixo antes mesmo do jogo começar, aonde aproximadamente 150 pessoas ficaram feridas (foto abaixo). Eurico Miranda queria que o jogo seguisse, mas o jogo foi adiado para o ano seguinte, no dia 18 de Janeiro de 2001: o São Caetano perdeu a final por 3×1 e saiu vice, muito deste vice se deve ao fato que o São Caetano perdeu o embalo neste período.
No ano de 2001, o São Caetano de Silvio Luiz jogara pela primeira vez na história a Copa Libertadores da América. Terminara em segundo lugar na fase de grupos, com oito pontos, se classificara para o mata-mata, mas seria eliminado logo nas oitavas-de-final do torneio pelo Palmeiras e nos pênaltis por 5×3, após ganhar por 1×0 a ida e perder a volta pelo mesmo placar; nas penalidades máximas, Serginho chutara para fora e foi o principal responsável por eliminar o São Caetano. No Paulistão do mesmo ano, o São Caetano seria eliminado logo na primeira fase, perdendo a vaga para as semifinais ao Botafogo-SP por apenas um ponto.
No Campeonato Brasileiro de 2001, o São Caetano não seria apenas uma sensação como havia sido um ano antes e se mostraria um gigante. Na primeira fase, os oito primeiro se classificavam para as quartas-de-final e o São Caetano terminou em primeiro lugar (dentro de 28 clubes) após dezoito vitórias, cinco empates e quatro derrotas. Com isto, o São Caetano precisaria apenas empatar para chegar à final e decidiria todos os jogos em casa. O primeiro jogo seria um simplório 0x0 contra o Bahia nas quartas-de-final, suficiente para passar às semifinais, que seria contra o Atlético Mineiro e chegaria a grande final após uma vitória por 2×1.
A grande final seria curiosamente entre os dois times que terminaram a fase de grupos em primeiro e segundo lugar, São Caetano (primeiro) e Atlético Paranaense (segundo) e que nunca haviam sido campeões da primeira divisão do Brasileirão. A final seria em jogos de ida e volta, o primeiro seria na Arena da Baixada e o segundo no Anacleto Campanella e em ambas ocasiões o time de Silvio Luiz decepcionaria, perdendo a ida por 4×2 e a volta em casa por 1×0. O Furacão conquistara o primeiro e único brasileiro da história do clube, enquanto era mais um vice na conta do São Caetano (e não pararia por aí).
Em 2002, o São Caetano não disputara o campeonato paulista, afinal os ditos grandes (Corinthians, Guarani, Palmeiras, Paulista de Jundiaí, Ponte Preta, Portuguesa, Santos, São Caetano e São Paulo) não disputaram o paulistão por disputarem o Torneio Rio-São Paulo naquele ano. Na primeira fase o São Caetano se classificara em quarto lugar, mas seria eliminado pelo Corinthians nas semifinais, após empatar em 1×1 o primeiro jogo e perder o segundo por 3×1.
No Campeonato Brasileiro de 2002, na primeira fase o São Caetano iria terminar em segundo lugar e se classificara para as quartas-de-final, em que fora eliminado logo nesta fase pelo Fluminense após perder o primeiro jogo por 3×0 e a vitória por 2×0 na volta não seria suficiente para manter o azulão vivo na competição. A Libertadores de 2002 para o São Caetano seria uma bela história do nosso futebol com um final triste, pois o São Caetano se classificou para a Libertadores de 2002 por ter sido vice-campeão brasileiro em 2001 e este seria o maior vice retratado neste artigo.
O São Caetano caiu no Grupo 1 da Libertadores de 2002, com Cerro Porteño, Cobreloa e Alianza Lima e terminou em primeiro lugar com 12 pontos, com quatro vitórias e duas derrotas. As oitavas-de-final seriam contra o Universidad Católica, ambos os jogos, de ida e volta, terminaram em 1×1, a vaga foi decidida nos pênaltis e o São Caetano passou de fase ganhando nas penalidades por 4×2, com direito de Silvio Luiz defender um dos pênaltis. Nas quartas-de-final, mais uma classificação nos pênaltis, após perder fora por 1×0 e ganhar por 2×1 em casa (nesta época não tinha a regra ridícula dos gols fora), o São Caetano ganhou por 3×1 nos pênaltis, Silvio Luiz contou apenas com a incompetência dos uruguaios, em que Carlos Bueno e Robert Lima chutaram no travessão e Rotundo para fora.
Com isto, o São Caetano de Silvio Luiz iria para semifinal da Libertadores de 2002 e desbancaria nada mais nada menos que outro gigante tradicional, o América do México, aonde no primeiro jogo conseguiu uma vitória em casa por 2×0 e a classificação viria após um empate fora por 1×1 (depois deste jogo houve uma tremenda pancadaria; por sinal, uma das maiores brigas envolvendo clube brasileiro na Libertadores). O São Caetano iria jogar a final contra o Olimpia do Paraguai, o primeiro jogo foi ganho pelo azulão por 1×0 com um gol de Aílton e fora de casa, com total domínio do São Caetano. O título da Libertadores de 2002 do novato São Caetano parecia certo, porque na volta, em casa, o São Caetano sairia ganhando com um gol de Aílton e terminara o primeiro tempo ganhando pelo placar mínimo, mas o Olimpia iria virar o jogo no segundo tempo, levar o jogo para os pênaltis e desta vez as penalidades máximas traíram o azulão: com duas cobranças por cima, muito descuido e pipoca, o São Caetano teve o maior vice da história, o de uma Libertadores da América em 2002 em um título quase ganho. Já imaginaram o saudoso São Caetano campeão de uma edição da Copa Libertadores e ainda por cima enfrentando o Real Madrid no final daquele ano pelo título mundial de clubes? Pena que por descuido do time no segundo jogo da final não fez que isto ocorresse.
Em 2003, o São Caetano disputara a Sulamericana e não foi muito longe, sendo eliminado pelo Santos na terceira fase classificatória, assim como na Copa do Brasil, foi eliminado pelo Botafogo logo na segunda fase. O Brasileirão seria o primeiro da era dos pontos corridos, o São Caetano terminou em quarto lugar e se classificou para a Libertadores do ano seguinte. Em 2004, finalmente o nosso goleirão de hoje iria levantar uma taça com o São Caetano, que iria terminar em quarto lugar no grupo 2, se classificando às quartas-de-final do paulistão, eliminando o São Paulo no Morumbi por 2×0; depois, nas semifinais, a ida contra o Santos na Vila Belmiro terminara em 3×3 e a volta, uma goleada histórica por 4×0 em cima do peixe e a final fora contra o Paulista de Jundiaí, que havia eliminado o Palmeiras, ambos os jogos foram no Pacaembu e duas vitórias do azulão, a primeira por 3×1 e a segunda por 2×0, o capitão Silvio Luiz levantara finalmente uma taça pelo São Caetano depois de muitos vices.
Na Libertadores de 2004, o São Caetano terminou em segundo lugar do grupo 1 e o regulamento daquela Libertadores consistia em os cinco melhores segundo colocados seriam classificados às oitavas-de-final e os outros quatro iriam disputar duas vagas para às oitavas. O São Caetano foi o terceiro pior segundo colocado (ou “sétimo melhor” segundo colocado) e teve de disputar uma vaga com o Independente, onde o azulão se classificara após um jogo em 2×2, com uma falha de Silvio Luiz, mas a nossa muralha iria se redimir pegando um pênalti na decisão por penalidades máximas, ganhando por 4×2. O São Caetano seria eliminado nas quartas-de-final pelo grandioso Boca Juniors, havia antes passado pelo América do México e caiu para o Boca na Bombonera nos pênaltis por 4×3, Silvio Luiz ainda defendera o pênalti de Barros Schelotto na ocasião.
No Campeonato Brasileiro de 2004 viria a acontecer algo muito triste na história do São Caetano e do próprio futebol nacional. Serginho havia sido diagnosticado com problemas do coração, mas a situação, segundo os médicos do São Caetano, estava sobre controle… Uma ova! Em um jogo contra o São Paulo, Serginho sofreu um ataque cardíaco aos 15 minutos do segundo tempo, foi levado ao hospital imediatamente e morreu quarenta minutos depois, esta partida foi suspensa e na rodada seguinte foi prestado um minuto de silêncio em todos os jogos. Este jogo aconteceu uma semana depois, com uma vitória por 4×2 do São Paulo e o São Caetano viria a ser punido com a perda de 24 pontos, mesmo assim se mantera na Série A, mas se tal fato não tivesse ocorrido, o São Caetano teria terminado em quarto e disputaria a Libertadores em 2005.
O São Caetano de Silvio Luiz não vivera mais momentos de glórias como havia vivido. Em Abril de 2006, após oito anos no clube, Silvio Luiz viria a se transferir para o Corinthians e jogaria o ano de 2006 por lá. O nosso goleiro de hoje não passaria mais por momentos de sucesso, jogou apenas o ano de 2006 no coringão e voltaria em 2007 para o São Caetano (jogar a segunda divisão, visto que o São Caetano fora rebaixado em 2006), mas acabou rumando ao Vasco da Gama, começando como a principal opção e perdendo espaço com o decorrer daquele ano, chegando até a ser terceiro goleiro e isto fez com que o Vasco não renovasse contrato com Silvio Luiz, que em 2008 foi para o Itumbiara e ganhou por lá seu último título como jogador, ganhando o único campeonato goiano na história conquistado pela equipe do Itumbiara.
No mesmo ano se transferiu para o Boavista, mas não atuou muito por lá, pois em Junho sofreu um grave acidente que o fez afastar dos gramados: Silvio Luiz bateu o carro na traseira de um ônibus e chegou a sofrer traumatismo craniano, acidente que, segundo o próprio goleiro, atrapalhou a carreira, o deixando dois anos parado e com dificuldades para se firmar e voltar a jogar. Chegou a ser contratado por equipes menores a partir de então, jogou no Juventude em 2010 (clube já estava na terceira divisão, caiu para a quarta e não tinha mais expressão nacional), chegou a jogar posteriormente no Duque de Caxias, voltou ao Boavista, jogou no América do Rio de Janeiro e encerrou a carreira em baixa em 2012, pelo São Gonçalo, clube da terceira divisão carioca. Hoje, Silvio Luiz trabalha como preparador de goleiros e mais na parte administrativa dos clubes.
Vale lembrar que com as boas atuações que estava a ter pelo São Caetano, Silvio Luiz chegou a ser convocado para a seleção brasileira olímpica em 2000 pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, chegando a disputar (e ser campeão) do Torneio Pré-Olímpico de 2000, atuando nos dois primeiros jogos dos sete jogados, empatando o primeiro em 1×1 com o Chile e ganhando por 2×0 o segundo jogo do Equador; nos outros jogos, Luxemburgo daria a titularidade ao também lendário Fábio Costa.
E esta foi a quinta edição do quadro Muralhas Lendárias aqui no Goleiro de Aluguel! Espero que tenham gostado e aproveitado abordagem da carreira de Silvio Luiz e a história do ápice do São Caetano, que tinha como salvador debaixo das traves Silvio Luiz, o gigante de 1,96m. Hoje voltamos a homenagear um goleiro nacional e espero que este artigo, assim como o do Galatto, chegue a muralha homenageada e semana que vem, voltamos com mais uma análise da carreira de um goleiro. Não se esqueçam de acompanhar o quadro, o blog e o projeto. Até a próxima!
Grandes momentos de Silvio Luiz e trabalho como preparador de goleiros