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12/10/2016
O Mundo (do Futebol) Dá Várias Voltas
O mundo dá várias voltas, um dia é o dia da caça, outro do caçador, e no futebol não é diferente. Um dia pode lhe faltar humildade, no outro ela pode bater em sua porta e com Zubizarreta foi assim, ele que, em toda a grandiosa e vitoriosa carreira ficou marcado por dois grandes episódios, um no Barcelona e outro pela seleção espanhola, responsável por encerrar a carreira dele. Entretanto isto é algo que vamos tocar mais pra frente, vamos seguir a linha que sempre seguimos no quadro.
Andoni Zubizarreta Urreta, ou simplesmente Zubizarreta, nasceu em Vitoria, no estado espanhol de Alava em 23 de outubro de 1961; em verdade, Zubizarreta é natural da cidade de Arechavaleta, mas como nesta cidade não havia um centro de saúde para atender gestantes, a família de Zubizarreta teve que se deslocar a Vitoria para ele nascer com segurança. Entretanto, Zubizarreta passou toda a infância e adolescência na cidade de Arechavaleta, inclusive começou a carreira juvenil no clube da cidade, o UD Aretxabaleta, e por lá iria se profissionalizar e estrear em 1977, aos dezesseis anos, disputando as divisões regionais.
Logo no ano seguinte, ele voltaria a cidade de Vitoria, agora para jogar futebol. Zubizarreta fora contratado pelo Deportivo Alavés em 1978, mas foi integrado ao Alavés Aficionados (“Deportivo Alavés B”) no primeiro momento, que estava a disputar a Tercera División. Apesar disto, Zubizarreta fez o trabalho de um bom goleiro e começou a despontar no cenário espanhol como uma grande promessa, afinal ele aparecia com muita frequência nas convocações da seleção espanhola juvenil.
Na temporada de 1980/1981, Zubizarreta foi para a equipe principal do Deportivo Alavés, como substituto de Basauri (a equipe, na altura, disputava a Segunda División). Por lá, ele ficara por só uma temporada, em que o Alavés terminou apenas em oitavo lugar, somando quinze vitórias, nove empates e catorze derrotas, nem subindo para a elite espanhola nem sendo rebaixados de divisão. Apesar do resultado, o Alavés foi o terceiro time menos vazado da competição, sofrendo 35 gols nas 38 partidas, ficando somente atrás do Castellón, os campeões, que sofreram 34 gols e do Rayo Vallecano, quinto colocado, que sofreu 23 gols.
Pelas boas temporadas que havia realizado pela equipe B do Deportivo Alavés e com o clube precisando de dinheiro, Zubizarreta despertou interesse e fora vendido ao Athletic Club e iria jogar a temporada de 1981/1982 em casa nova, no clube de Bilbao. A estreia dele como titular no Athletic e na própria Primera División da Espanha ocorreu em 19 de setembro de 1981, em uma partida fora de casa em que o Athletic de Zubizarreta saiu derrotado por 2×0 para o Atlético de Madri. Entretanto, este primeiro mal resultado não iria condizer com a carreira dele, nem neste clube nem em outros.

Zubizarreta atuando pelo Athletic Club
Nesta primeira temporada, o Bilbao iria terminar em quarto lugar na Liga Espanhola, vencendo dezoito partidas, empatando quatro e perdendo doze em 34 jogos disputados. Os campeões daquela temporada seriam os rivais bascos, a Real Sociedad, que por sinal já haviam sido campeões uma temporada antes, sendo estes os dois únicos títulos da Real Sociedad na La Liga. Entretanto, a sina de campeões entre Barcelona e Real Madri iria esperar mais um pouco, afinal nas próximas duas temporadas o Athletic Club de Zubizarreta iria dominar a Espanha; ou melhor, por quatro temporadas seguidas os bascos dominaram o futebol espanhol (as duas já relatadas com o Real Sociedad e as próximas duas com o Bilbao de Zubi).
Na temporada 1982/1983, o Bilbao de Zubizarreta chegou até as quartas-de-final da Copa Del Rey, passaram pelo Sestao e pelo Deportivo La Coruña até terem sido eliminados pelo Barcelona nas quartas-de-final, após vencer a ida em casa por 1×0, mas sofrer uma derrota por 3×0 na volta. Na liga, o Bilbao de Zubizarreta seria o grande campeão após vencer 22 partidas, empatar seis e perder outras seis, somando 50 pontos (vitória contava dois pontos nesta época, e não três como é hoje), um a mais que o Real Madri, os vice-campeões. No meio de 1983, o Bilbao disputou a Supercopa de España contra o Barcelona (torneio disputado entre o campeão da La Liga e da Copa Del Rey, em jogos de ida e volta) e não se saíram campeões, pois perderam a ida em casa por 3×1 e a vitória pelo placar mínimo na volta não foi suficiente para tirar o título dos catalães.
Com o título de campeão espanhol, o Athletic Club iria disputar a European Cup da temporada 1983/1984 (atual UEFA Champions League), mas lá não iriam longe: depois de passarem da primeira fase pelo Lech Poznań, após perderem a ida na Polônia por 2×0, se classificaram ao vencer por 4×0 na volta. Na segunda ronda já foram eliminados, pelo Liverpool, após empatar fora de casa sem gols, o Bilbao decepcionaria o torcedor perdendo em casa por 1×0 e sendo eliminado precocemente. O Liverpool viria a ser a equipe campeã do torneio, ganhando da Roma a final nos pênaltis.
Em 1983/1984, apesar de não ter ido longe na European Cup e não ter conquistado a Supercopa, o Bilbao iria se redimir de todas as maneiras possíveis: o Bilbao se sagraria campeão espanhol pelo segundo ano consecutivo, mais uma vez fazendo o Real Madri de vice, desta vez de uma maneira mais dolorosa aos merengues: após vinte vitórias, nove empates e cinco derrotas, o Bilbao somou 49 pontos, igualzinho ao Real Madri, mas por ter o saldo melhor (+23 contra +22 do Real Madri), o Athletic Club de Zubizarreta se saiu campeão.
Na Copa Del Rey, outro título! Primeiro eliminaram o Cartagena na fase prévia, após vencer por 3×0 a ida e por 2×0 a volta. Nas oitavas-de-final um duelo basco entre Athletic Club e Real Sociedad, que fora decidido nos pênaltis: após empate fora de casa sem gols e um empate em 1×1 na volta em casa, o Bilbao se classificou ao vencer por 5×3 nos pênaltis, convertendo todas as penalidades, enquanto Celayeta isolou para o Real Sociedad, ajudando na classificação do Bilbao (detalhe: Celayeta havia marcado o gol do Real Sociedad no tempo normal). Nas quartas-de-final, após perder a ida por 2×1, o Bilbao eliminara o Sporting Gijón ao vencer por 2×0 a volta em casa. A classificação para a final foi suada, após vencer a primeira por 1×0 fora de casa, o Bilbao iria perder pelo mesmo placar em casa para o Real Madri e a classificação veio nos pênaltis, em uma vitória por 4×3 (o Real Madri desperdiçou duas cobranças, a primeira, cobrada por Camacho, fora defendida por Zubizarreta, a outra, cobrada por Stielike foi no travessão). A final seria disputada no Santiago Bernabéu contra o Barcelona, e o título veio após uma vitória simples por 1×0, com gol de Endika. Com o título da Liga e da Copa Del Rey, o Athletic Club fora declarado campeão da Supercopa da España daquele ano.

Elenco do Athletic Club de 1984, Zubizarreta está em pé a esquerda trajando um moralizador uniforme verde
Em 23 de Janeiro de 1985, aos 24 anos, Zubizarreta estrearia pela seleção principal da Espanha, em uma partida amistosa que iria terminar 3×1 para os espanhóis. Nesta temporada de 1984/1985, o Bilbao não ganhou nenhum título, terminou em terceiro lugar na Liga, que fora vencida de maneira folgada pelo Barcelona (este mesmo Barcelona iria para Champions League da temporada seguinte e iria perder a final de maneira emblemática para o Steaua Bucareste de Duckadam, história que você pode conferir clicando aqui).
Com as boas atuações no Bilbao, Zubizarreta garantiria para si a titularidade da Espanha por vários anos e por vários torneios importantes, a começar pela Copa do Mundo de 1986, sediada no México (a Copa do Mundo de 1986 era para, inicialmente, ter sido sediada na Colômbia, mas os graves problemas financeiros que o país atravessava na época impediram dos colombianos sediarem o torneio. A sede chegou a ser oferecida ao Canadá, aos Estados Unidos e até ao Brasil, mas todos estes países recusaram, sendo aceita pelo México em 1983 para receber uma Copa pela segunda vez na história).
A Espanha de Zubizarreta iria cair no Grupo D, junto com o Brasil, Irlanda do Norte e Argélia e iria se classificar para as quartas-de-final após perder por 1×0 para o Brasil na estreia e vencer os outros dois jogos, vencendo por 2×1 a Irlanda do Norte e depois por 3×0 a Argélia. Nas oitavas-de-final, aplicara uma goleada de 5×1 sobre os dinamarqueses para passar de fase. Nas quartas-de-final, após sair perdendo e conseguir o empate nos minutos finais contra a Bélgica, a Espanha seria eliminada nas penalidades máximas: os belgas converteram todas as cinco cobranças; a defesa do também lendário Jean-Marie Pfaff na cobrança de Eloy seria crucial para a eliminação espanhola, que perdeu a disputa de pênaltis por 5×4.

Zubi atuando pelo Barcelona
Depois da Copa do Mundo de 1986, Zubizarreta era tido indiscutivelmente como o melhor goleiro da Espanha, além de ser considerado um dos melhores do mundo na posição e com isto, Zubizarreta foi contratado e teve chance em um dos principais times da Espanha, o Barcelona, após uma transferência de €1.7 milhões, um recorde para os goleiros até então. Rapidamente, Zubizarreta desbancou a titularidade de Urruti no Barcelona, um goleiro que era ídolo da torcida (o mesmo Urruti já havia disputado três Copas do Mundo com a seleção espanhola, todas como reserva, sendo as Copas de 1978, 1982 e a própria Copa de 1986 como reserva de Zubizarreta. Urruti permanecera como reserva de Zubizarreta no Barcelona por duas temporadas, quando decidiu aposentar-se e virar preparador de goleiros do time catalão).
Na primeira temporada, pouco a comemorar: o Barcelona fora eliminado nas quartas-de-final da Copa da UEFA (atual UEFA Europa League) pelo Dundee United, fora eliminado precocemente da Copa Del Rey, logo nas oitavas-de-final, para o Osasuna nos pênaltis, por 5×3 e na Liga Espanhola, teve de se contentar com o vice, ficando três pontos atrás do Real Madri. Ao menos Zubizarreta contribuiu para que o Barcelona tivesse a defesa menos vazada daquele Campeonato Espanhol, sofrendo 29 gols em 44 partidas disputadas; assim, pela primeira vez na carreira, Zubizarreta conquistou para si o Troféu Ricardo Zamora, dado pela Revista MARCA ao goleiro menos vazado de uma temporada.
O primeiro título de Zubizarreta com o Barcelona viria na temporada seguinte (1987/1998), que seria a Copa Del Rey: na fase prévia, eliminaram o Real Murcia, ao vencer a ida em casa por 2×0 e a volta fora por 3×0. Nas oitavas-de-final eliminaram os rivais de cidade, o Espanyol, para se classificar às quartas-de-final, vencendo a ida fora de casa por 3×1 e a volta em casa por 1×0. Os adversários da vez foram o CD Castellón, após empatarem fora de casa a ida em 1×1, venceram por 2×0 no Camp Nou para rumar às semifinais, aonde eliminariam o Osasuna, após empate sem gols na ida, uma maiúscula vitória por 3×0 os garantiram na finalíssima. A final seria contra o Real Sociedad, que havia eliminado o Real Madri na outra chave da semifinal, e o Barcelona sagrou-se campeão após vencer pelo placar mínimo, com um gol de Alexanko aos 16 minutos do segundo tempo.
Nem na Liga nem na Supercopa da España o Barcelona de Zubizarreta teve algo a comemorar, afinal eles terminaram apenas em sexto lugar no Campeonato Espanhol, se classificando para a Copa dos Campeões, por terem sido campeões da Copa Del Rey e na Supercopa, perderam a partida de ida e volta para o Real Madri, que ficou com o título.
Ao final desta temporada, Zubizarreta iria disputar outro torneio internacional com a seleção espanhola, a Eurocopa de 1988, mas não iria muito longe: a Espanha caiu no Grupo A, junto com Itália, Dinamarca e Alemanha Ocidental. A Espanha venceu por 3×2 a Dinamarca na estreia, mas iria perder para a Itália (1×0) e para a Alemanha Ocidental (2×0) depois, sendo eliminada logo na fase de grupos.

Seleção espanhola da Euro 1988
A Copa dos Campeões de 1988/1989 seria o segundo título de Zubi pelo Barcelona. Na fase prévia, o Barcelona eliminou o Fram Reykjavik após vencer por 2×0 a ida na Islândia e a volta por 5×0. Nas oitavas-de-final, os adversários seria o Lech Poznan, da Polônia, e a classificação viria após dois empates em um gol e vitória por 5×4 nos pênaltis (foram sete cobranças de pênalti para cada lado, os poloneses erraram três, sendo uma delas defendida por Zubizarreta, que poderia ter dado a vitória ao time polonês caso não fosse a intervenção de Zubi). A vaga para as semifinais viria após vencer por 1×0 a ida e empatar sem gols a volta contra o Arhus, da Dinamarca; nas semifinais, vitória fácil sobre o CFKA Sredets, da Bulgária, vencendo a ida por 4×2 e a volta por 2×1. A final foi contra os italianos da Sampdoria, de Pagliuca, e o título viria após uma vitória por 2×0. Foi apenas isto para comemorar, pois nesta temporada os rivais do Real Madri iriam dominar a Espanha por completa, sendo campeões da Copa Del Rey e da Liga.
A temporada de 1989/1990 iria reservar novos títulos a Zubizarreta e ao Barcelona, a começar pela Copa Del Rey: o Barcelona começou logo nas oitavas-de-final eliminando o Athletic Club, antiga equipe de Zubizarreta, ao vencer a ida e a volta pelo placar mínimo. Nas quartas-de-final, mais uma vitória por 1×0 na ida, fora de casa, e o empate em casa no segundo jogo contra a Real Sociedad os classificariam para as semifinais contra o Valência. A classificação para a final veio após vencer em casa por 2×1 e empatar fora na volta em um gol. A final fora contra o Real Madri, no estádio Mestalla em Valência, e o Barcelona saiu-se campeão após uma vitória por 2×0. Entretanto, o Real Madri iria se vingar vencendo a La Liga e a Supercopa da España sobre o Barcelona, vencendo a ida no Camp Nou por 1×0 e a volta no Santiago Bernabéu em uma goleada por 4×1.
No meio do ano, mais uma Copa do Mundo na conta de Zubizarreta, agora a de 1990, sediada na Itália de Walter Zenga. A Espanha caiu no Grupo E, junto com Coréia do Sul, Uruguai e Bélgica e terminaram em primeiro lugar na chave após empatar sem gols com o Uruguai na estreia, vencer por 3×1 os coreanos e por 2×1 a Bélgica, se classificando para as oitavas-de-final da Copa do Mundo, fase em que foram eliminados pela extinta Iugoslávia por 2×1, com dois gols de Stojković, sendo que o segundo gol dos iugoslavos saiu na prorrogação.

Zubizarreta na Copa do Mundo de 1990
As próximas temporadas iriam render muitos títulos e histórias a Zubizarreta, pois nesta temporada iria se encerrar a supremacia do Real Madrid, que já vencia a Liga por cinco anos seguidos, para entrar uma do Barcelona por quatro anos. Nesta temporada de 1990/1991, o Barcelona de Zubizarreta comandado por Johan Cruijff iria se sagrar campeão com folga, vencendo 25 partidas, empatando oito e perdendo seis, somando dez pontos à frente do Atlético de Madri, vice-campeão, liderando da segunda rodada até a última, tendo o melhor ataque, melhor saldo e a segunda melhor defesa desta competição. Se sagraram campeões também da Supercopa da España, haviam sido eliminados pelo Atlético de Madri nas semifinais deste torneio, mas se vingaram na Supercopa, vencendo a ida fora de casa por 1×0 e empatando em 1×1 a volta em casa sobre o mesmo Atleti, que viria a ser campeão daquela Copa Del Rey. Com o título da Liga, o Barcelona viria a disputar a UEFA Champions League do ano seguinte.
Este ano seria cheio de títulos e vitórias aos catalães. Na Liga, o bicampeonato viria de maneira suada, apenas um ponto à frente do Real Madri, somando 55 pontos após 23 vitórias, nove empates e seis derrotas. Na Copa Del Rey teve uma eliminação precoce logo nas oitavas-de-final para o Valência, que não só seria compensada com outros títulos nacionais, não só a Liga, como também a Supercopa da España, mais uma vez conquistada sobre o Atlético de Madri, desta vez de maneira mais maiúscula, vencendo a ida em casa por 3×1 e a volta fora por 2×1.
Na UEFA Champions League, mais um título! O primeiro título do maior campeonato de clubes da Europa não só a Zubizarreta, como ao Barcelona. A jornada rumo ao título começou em cima do Hansa Rostock, da Alemanha Oriental, vencendo a ida em casa por 3×0 e se classificando mesmo perdendo por 1×0 a volta na “Alemanha socialista”. Na segunda fase, eliminação sobre mais uma equipe alemã, desta vez da Alemanha Ocidental, sobre o Kaiserslautern, passando de fase graças a (ridícula) regra dos gols fora de casa, após vencer a ida por 2×0 em casa e perder por 3×1 a volta na Alemanha, se classificando por terem feito um gol na “Alemanha capitalista”. Com isto restaram oito equipes, que seriam divididas em dois grupos, o primeiro colocado de cada grupo faria uma final e iria decidir o campeão: o Barcelona caiu no Grupo B, junto com o Benfica, Dínamo de Kiev e o Sparta Praga. O Barcelona se classificara a final após vencer quatro partidas, empatar uma e perder outra nesta chave, terminando em primeiro lugar e iria decidir a final contra o Sampdoria de Pagliuca e iriam se sair campeões com um gol de Koeman na prorrogação.
Ao final daquele ano, Zubizarreta iria a Tóquio disputar o Mundial contra o São Paulo de Zetti. O elenco do Barcelona se mostrou confiante e arrogante com os são-paulinos, afinal os jogadores do São Paulo notaram isto e Zetti sentiu na pele uma má atitude de Zubizarreta, quando antes do jogo, Zubizarreta negou-se a cumprimentá-lo, que havia lhe estendido a mão para desejar-lhe uma boa partida. Zubizarreta pagou caro pela arrogância, afinal o São Paulo viria a vencer por 2×1 e adiar o sonho da conquista mundial ao Barcelona.

Barcelona de 1992
Na temporada 1992/1993, o Barcelona se sagraria campeão “apenas” da Liga Espanhola, mais uma vez apenas um ponto à frente do Real Madri, somando 58 pontos em 25 vitórias, oito empates e cinco derrotas, ganhando o título na última rodada o campeonato. Mas de resto, o Real Madri viria a eliminar o Barcelona nas semifinais da Copa Del Rey, ser campeão da mesma e vencer também a Supercopa da España em cima do Barcelona. Na UEFA Champions League, o Barcelona viria a eliminar o Viking, da Noruega, na primeira fase, mas seria eliminado na segunda a fase para o CSKA Moscou, nem se classificando a fase de grupos em uma Champions League vencida pelo Olympique de Marselha, de Barthez, a única vez na história que uma equipe francesa venceu a Champions League.
A jornada de 1993/1994 seria a última de Zubizarreta no Barcelona, e iria terminar de uma maneira não lá muito amistosa (já chegaremos lá). O Barcelona iria ganhar pela quarta vez seguida a Liga Espanhola e da maneira mais suada possível, pois somaram 56 pontos após as 38 rodadas, igualzinho ao Deportivo La Coruña, mas se sagraram campeões por terem mais vitórias (nesta temporada, ficou marcado na história o “el clássico” que o Barcelona venceu por 5×0 o Real Madri, com Romário só faltando fazer chover naquela partida). Na Copa Del Rey, o Barcelona seria eliminado nas quartas-de-final pelo Betis e teria como campeões o Zaragoza; entretanto o Barcelona iria vencer mais uma Supercopa da España, após vencer por 2×0 a ida fora de casa e perder por 5×4 a volta em casa para o Zaragoza, mas Zubizarreta já não estaria mais no Barcelona na altura.
Na UEFA Champions League desta temporada, o Barcelona iria eliminar na primeira fase o Dínamo de Kiev, perdendo a ida por 3×1 na Ucrânia, mas virando surpreendentemente em casa por 4×1 para se classificar para a segunda fase. Se classificaram para a fase de grupos agora de maneira fácil, vencendo por 3×0 a ida em casa e por 2×1 a volta na Áustria contra o Austria Wien. Com isto restou oito equipes e o Barcelona se classificou a fase de grupos, agora com um novo formato: os dois primeiros de cada chave iriam para um mata-mata final; o Barcelona caiu no Grupo A, junto com o Monaco, Spartak Moscou e o Galatasaray e iria para as semifinais após vencer quatro partidas e empatar duas. Nas semifinais, contra o Porto, vitória por 3×0 (jogo único no Camp Nou) e classificação para a final contra o Milan!
Na final da UEFA Champions League, o Barcelona era o favorito a ser campeão, pois além de ter mais time no papel, o Milan estava cheio de desfalques. O título veio? Não, o que veio foi um fiasco, o Barcelona perdeu por 4×0 a final e Zubizarreta foi considerado um dos culpados pelo ocorrido. Como sabemos, o goleiro é o único que não pode falhar e a culpa sempre recai sobre ele, não recaiu sobre o técnico Johan Cruijff, que escolheu não escalar o grande dinamarquês Michael Laudrup, que estava em grande fase (o regulamento da época só aceitava três estrangeiros por equipe na partida e Cruijff optou por escalar o holandês Koeman, o búlgaro Stoichkov e o brasileiro Romário. Ao final daquela temporada, pasmem, Michael Laudrup saiu do Barcelona direto ao Real Madri e Zubizarreta, culpado pela goleada sofrida, foi vendido ao Valência após a Copa do Mundo de 1994).

Zubizarreta na Copa do Mundo de 1994
Na última partida da Espanha na fase classificatória para a Copa do Mundo de 1994, contra a Dinamarca, Zubizarreta foi expulso logo aos 10 minutos de partida após derrubar Michael Laudrup (até então seu companheiro de Barcelona) perto da grande área, com isto não só teve trocas de goleiros, como foi a estreia do também lendário Santiago Cañizares pela seleção espanhola, e ele saiu-se muito bem, ajudando a Espanha a ganhar por 1×0 e fazendo boas defesas que classificaram a Espanha para a Copa do Mundo de 1994.
Apesar disto, a titularidade continuaria nas mãos de Zubizarreta, que não jogou a primeira partida da Espanha na Copa de 1994, por estar cumprindo suspensão desta expulsão relatada no parágrafo anterior. A Espanha caiu no Grupo C, junto com Alemanha, Coréia do Sul e Bolívia: na estreia (que Zubi não atuou e o titular fora Cañizares) um vergonhoso empate com os sul-coreanos em 2×2 após abrir dois de vantagem e tomar dois gols nos cinco minutos finais. Depois, outro empate, agora em 1×1 com os alemães e a vitória por 3×1 sobre os bolivianos na última partida da chave daria aos espanhóis a vaga para as oitavas. Nas oitavas-de-final, vitória fácil sobre os suíços por 3×0; a Espanha fora eliminada nas quartas-de-final para a Itália de Pagliuca, perdendo por 2×1, com Baggio marcando o gol da vitória aos 43 do segundo tempo.
Pelo Valência, Zubizarreta não teve tanto a comemorar, o máximo que conseguiu foi ser vice na Copa Del Rey de 1994/1995, perdendo a final por 2×1 para o Deportivo La Coruña e ser vice-campeão também da La Liga de 1995/1996, terminando quatro pontos atrás do Atlético de Madri, a equipe campeã. Na temporada em que iria encerrar a carreira, 1997/1998, Zubizarreta fora o titular do Valência em um jogo histórico contra o Barcelona, em que o Valência venceu os catalães dentro do Camp Nou por 4×3 após saírem perdendo por 3×0. Apesar disto, o Barcelona foi campeão da Liga Espanhola daquele ano e o Valência viria a terminar apenas em nono lugar.
Mas antes de pendurar as luvas e as chuteiras, Zubi ainda iria disputar mais dois torneios internacionais com a seleção espanhola: a Euro 1996 (a Euro de 1992 não fora relatada neste artigo pois a Espanha não se classificou) e a Copa do Mundo de 1998, este último torneio crucial para a aposentadoria de Zubi.
Na UEFA Euro de 1996, a Espanha caiu no Grupo B, junto com França, Bulgária e Romênia e iriam passar de fase após vencerem a Romênia por 2×1 e empatarem com a Bulgária e a França, ambas as vezes por 1×1. Com isto, a Espanha terminou em segundo lugar na chave, se classificando para as quartas-de-final, fase aonde seriam eliminados pelos anfitriões ingleses: após um empate sem gols, os ingleses venceriam nos pênaltis por 4×2. A Inglaterra converteu todas as quatro cobranças, enquanto a Espanha viria a perder dois pênaltis com Hierro chutando no travessão e outra vez com o também lendário David Seaman a defender a cobrança decisiva de Nadal.
Na Copa do Mundo de 1998, a Espanha caiu no Grupo D, junto com Paraguai, Nigéria e Bulgária e seria um grande fiasco. A Espanha viria a perder por 3×2 na estreia contra os nigerianos com Zubizarreta fazendo um gol… contra… Sim, Zubizarreta falhou muito feio após um cruzamento mascado de Lawal para o meio da área espanhola e acabou empurrando a bola para dentro do próprio gol. Há quem diga que depois desta falha, Zubizarreta decidiu se aposentar e outros dizem que a decisão foi após a conjuntura da obra espanhola na Copa do Mundo de 1998, pois a Espanha viria a empatar sem gols com o Paraguai no segundo jogo e a goleada por 6×1 sobre a Bulgária no último jogo da chave não fora suficiente para classificar os espanhóis de fase, sendo esta a “conjuntura da obra”, aonde Zubizarreta foi titular da seleção espanhola por muitos anos, mas nunca conquistou um título pelo país e depois de mais esta decepção, Zubi se aposentou e “passou” a titularidade da seleção espanhola e do Valência para Santiago Cañizares; Cañi era goleiro do Real Madri e se transferiria para o Valência após aquela Copa do Mundo, além de que seria o novo titular da Espanha.
Adendo: Cañizares vai ser abordado em uma edição especial deste quadro, afinal sou muito fã dele, sendo que Santiago Cañizares juntamente com Petr Cech e Dida figuram meu “Top 3” de goleiros favoritos.

Zubizarreta caído e desolado no gramado após ter falhado no segundo gol da Nigéria na Copa do Mundo de 1998, a Espanha viria a perder por 3×2 esta partida
E esta foi a vigésima edição do Muralhas Lendárias aqui no Goleiro de Aluguel! Espero que vocês tenham gostado da abordagem da carreira de Andoni Zubizarreta, que figurou durante anos a titularidade da seleção espanhola. Durante muito tempo também, Zubizarreta foi o maior defensor de penalidades máximas da Liga Espanhola, com dezesseis defesas, mas fora ultrapassado pelo brasileiro Diego Alves neste ano (e com muito estilo, afinal Zubizarreta precisou de 103 cobranças para defender 16, enquanto o brasileiro precisou de apenas 37 para defender 17). Semana que vem, o quadro volta abordando a carreira de mais um lendário goleiro. Até a próxima sexta-feira!
ZUBIZARRETA, ATUAÇÕES E DEFESAS:
BARCELONA 1(5) x (4)1 LECH POZNAN (COPA DOS CAMPEÕES 1988/1989):