Na Baliza #10 – Cássio
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Todos um dia já se sonharam em ser jogador de futebol, fazendo história em alguma equipe grande, mas pouco de nós sabe o que acontece por trás dos bastidores, mesmo tendo algumas coisas que acabam saindo nas grandes mídias. O goleiro de hoje, mesmo não sendo a grande unanimidade de seu país na época, conseguiu fazer história no Barcelona através da confiança do técnico, ou melhor, a habilidade e até mesmo a competência de lidar com este técnico chamado Louis Van Gaal, que conhecemos bem a fama dele. Van Gaal é “exemplo” em “queimar” jogadores, arrasar e dividir elencos e manter apenas os jogadores com quem tem um excelente relacionamento em todos os clubes que dirige. No próprio Barcelona, Van Gaal “queimou” jogadores como Rivaldo e Stoichkov e recentemente no Manchester United fez o mesmo com Fletcher e Dí Maria.
Mas vamos tratar disto depois, afinal hoje vamos falar sobre Ruud Hesp, que ficou conhecido no período quando jogou no Barcelona e por ser o eterno reserva da seleção holandesa durante este período. Rudolfus Hubertus Hesp (ou simplesmente, Ruud Hesp, ou – mais simplesmente ainda – Hesp) nasceu na cidade de Bussum, na província holandesa de Noord-Holland, em 31 de outubro de 1965. Ruud é irmão mais velho do também aposentado zagueiro Danny Hesp, que jogou a carreira inteira na Eredivisie, sendo que o maior time em que o irmão de Ruud atuou foi o Ajax.
Sempre costumo colocar aonde o goleiro realizou a carreira juvenil e por onde ele passou na base, mas no caso do Hesp carece de fontes, então pularemos direto para carreira profissional dele. Entretanto, supostamente, Hesp tenha começado a carreira no time do HFC Harleem, afinal, foi neste clube aonde ele virou profissional e chegou a atuar pelas duas primeiras temporadas da carreira (as temporadas 1985/1986 e 1986/1987), na primeira temporada atuou apenas em duas partidas, enquanto na segunda temporada pelo clube, nem sequer chegou a atuar. Sem oportunidades no Harleem, Hesp foi procurar outros rumos, e iria para o Fortuna Sittard.
Lá no Fortuna Sittard, Ruud Hesp começaria a ter oportunidades maiores. Na primeira temporada por lá, o Fortuna terminaria oitavo lugar na liga, após vencer onze partidas, empatar treze e perder dez, somando 35 pontos (em uma época que a vitória garantia dois pontos, e não três como é hoje). Na KNVB Cup, o Fortuna iria passar das fases prévias, após aplicar 7×1 no Rijnsburgse Boys e meter 3×0 no Door Wilskracht Verkregen, mas iria cair nas oitavas-de-final após perder por 2×0 para o Roda JC.
Na temporada 1988/1989, tudo muito semelhante à jornada anterior, o Fortuna Sittard iria, mais uma vez, terminar em oitavo lugar na Eredivisie e ser eliminado nas oitavas-de-final da KNVB Cup. Apesar do time não ter realizado grandes campanhas, Hesp contribuiu para que o Fortuna Sittard tivesse uma das defesas menos vazadas daquela temporada holandesa, sendo decisivo. Com isto, Hesp arrematara a primeira conquista pessoal, sendo eleito o melhor goleiro holandês de 1989, mesmo não atuando em um dos principais times holandeses (tais como Ajax, Feyenoord e PSV Eindhoven, este último clube que contava com o baixinho Romário “voando” no elenco e ganhou tudo nesta temporada).
A temporada 1989/1990 seria ruim para os holandeses e mirada de polêmica, pois logo no começo desta temporada, em uma partida válida pela UEFA Cup (atual UEFA Europa League), um torcedor do Ajax acertou o goleiro Franz Wohlfahrt, do Austria Wien, com uma barra de metal. O Ajax seria campeão holandês daquele ano, mas não disputaria a European Cup (atual UEFA Champions League) no ano seguinte como punição, deixando uma temporada mais fraca para o futebol holandês durante uns dois anos. Enquanto isto, o Fortuna Sittard faria mais uma temporada mediana, mesmo com Ruud Hesp fechando o gol, pois viria a terminar apenas em sétimo lugar na Eredivisie (tendo a terceira defesa menos vazada) e na KNVB Cup até passaria pelas fases prévias, mas nas oitavas-de-final, seria eliminado pelo poderoso Ajax após perder por 1×0.
Na temporada 1990/1991, o Fortuna Sittard iria fazer uma campanha ainda abaixo do normal, terminando apenas em décimo-segundo lugar na Eredivisie e sendo eliminado logo na fase prévia da KNVB Cup ao perder por 2×1 para o Schiedamse VV. O Fortuna Sittard continuaria em queda no rendimento quando na próxima temporada, mais uma vez, o clube seria eliminado na primeira fase da KNVB Cup ao perder por 3×2 para o Helmond Sport e iria terminar apenas em décimo-quarto na liga nacional.
A temporada 1992/1993 traria um marco negativo na carreira de Hesp. Apesar do Fortuna Sittard ter ido melhor na KNVB Cup comparado às duas últimas temporadas, chegando até às oitavas-de-final quando foi eliminado para o Heereveen, ao perder por 1×0, o Fortuna Sittard seria rebaixado de divisão nesta temporada. O regulamento da época previa o seguinte: o 18º colocado (último lugar) era automaticamente rebaixado, enquanto o 17º e 16º iriam para os playoffs com times da segunda divisão para ver quem seria promovido e/ou permaneceria na elite holandesa; o Fortuna Sittard terminou em 16º lugar e iria participar de uma chave com três equipes, sendo o Fortuna uma equipe e as outros dois times que estavam na segunda divisão holandesa, sendo que cada clube jogaria um contra o outro em partidas de ida e volta e quem tivesse a melhor campanha, teria lugar garantido na elite holandesa da temporada seguinte. O Fortuna, em quatro partidas, perdeu duas e venceu duas, não tendo a melhor campanha; o mesmo Heereveen que havia eliminado o time de Hesp na KNVB Cup ficou com a vaga do Fortuna na Eredivisie, rebaixando a equipe de Hesp para a Eerste Divisie do ano seguinte.
Mesmo estando na segunda divisão nacional agora, a temporada seguinte do Fortuna Sittard seria mais do mesmo, afinal o time novamente terminara no meio da tabela, ficando apenas em décimo lugar (acreditem, tendo a segunda melhor defesa junto com o Dordrecht’90, a equipe campeã). Na KNVB Cup, até iriam passar da primeira fase ao vencer por 5×2 o Katwijk, mas perderam para o Alkmaar Zaanstreek por 2×0 na segunda ronda e seriam eliminados. Esta seria a última temporada de Ruud Hesp com a camisa do Fortuna Sittard, por onde havia atuado 238 vezes, de lá ele se transferiria para o Roda JC, equipe forte e tradicional da Holanda, aonde iria alavancar a carreira.
Na primeira temporada pelo Roda, o título iria bater na trave. Primeiramente, na KNVB Cup, em novo formato, agora com fase de grupos, o Roda iria cair no Grupo 06 junto com o PSV Eindhoven, Nieuw Woensel e antiga equipe de Hesp, Fortuna Sittard, e o Roda teria a melhor campanha em três jogos (perdendo na estreia para o Fortuna Sittard por 2×1, mas aplicando incríveis 5×1 sobre o PSV e um 6×0 sobre o Nieuw Woensel). Com isto, o Roda iria jogar uma partida decisiva contra o PSV (a segunda melhor campanha do grupo) para ver quem avançava às oitavas-de-final do torneio, e o Roda iria ficar pelo caminho após perder por 3×2. Entretanto, na Eredivisie, o Roda fez uma excelente campanha, vencendo 22 partidas, empatando dez e perdendo apenas duas, tiveram a melhor defesa da competição junto com o Ajax do também lendário Edwin Van der Sar, sofrendo apenas 28 gols… mas foram vice-campeões, perderam o título por alguns pontos justamente para este Ajax. Ao menos, a bela campanha iria render uma vaga na UEFA Cup (atual UEFA Europa League) da jornada seguinte.
A temporada 1995/1996 não trouxe êxitos coletivos de Hesp no Roda, mas sim, individual. Pela primeira vez na carreira, Hesp seria convocado para um torneio internacional junto com a seleção holandesa, ele seria convocado para a Eurocopa de 1996, por causa das boas atuações que estava a ter. Entretanto, ele não jogou um jogo sequer, afinal era apenas a terceira opção (os outros goleiros convocados eram os também lendários Van Der Sar – 1ª opção – e Ed de Goeij – 2ª opção). Assim seria também na Copa do Mundo de 1998, com Hesp já no Barcelona.
Pela seleção holandesa, Hesp atuara apenas uma vez, em um amistoso preparatório para a Copa do Mundo de 1998 contra o time suíço do FC Lausanne-Sport, aonde venceram por 4×1. Hesp atuou apenas no primeiro tempo desta partida, sendo substituído por Ed de Goeij no intervalo (Hesp que tomou o gol, após uma saída de bola complicada. No chute cruzado, a bola tinha tudo para sair pra fora do gol, mas Hesp, tentando espalmar para frente, desviou para dentro da baliza). Esta foi a única aparição de Hesp com a seleção holandesa dentro de campo, sendo em uma partida não-oficial, no mais, apenas esquentou no banco de reservas.
Nesta Eurocopa de 1996, a Holanda seria eliminada nas quartas-de-final para a França, após empatar sem gols e perder por 5×4 nos pênaltis; na Copa do Mundo de 1998, a Holanda terminara em quarto lugar, após ser eliminada para o Brasil (depois de empatar em um gol e perder por 4×2 nos pênaltis, com o nosso lendário Cláudio Taffarel brilhando) e perder a decisão de terceiro lugar por 2×1 para os croatas. Na Eurocopa de 2000, Hesp não seria convocado e na Copa do Mundo de 2002, a Holanda nem ao menos se classificou.
A temporada 1996/1997 marcaria Hesp, pois arremataria o primeiro título coletivo da carreira! Na KNVB Cup, o Roda venceria o Katwijk por 6×2 na fase prévia, se classificando para o mata-mata final. Nas oitavas-de-final, o Roda venceu por 2×0 o De Graafschap e avançou de fase, venceu por 5×0 o FC Zwolle nas quartas e Willem II pelo placar mínimo nas meias para se classificar a grande final contra o Heerenveen, aonde venceriam por 4×2 para se sagrarem os campeões! Hesp era o capitão da equipe e levantou uma taça pela primeira vez na carreira profissional!
Na UEFA Cup, o Roda seria eliminado logo na primeira ronda para o Schalke 04, a futura equipe campeã, que venceu a final sobre a Internazionale de Pagliuca. Na Eredivisie, iriam terminar em sexto lugar. Entretanto, o título da KNVB Cup iria os garantir no torneio dos vencedores de taças (Cup Winners’ Cup), mas Hesp já não estaria mais por lá.
Na temporada 1997/1998, o também holandês Louis Van Gaal iria assumir o Barcelona, querendo trazer jogadores da confiança dele ao elenco catalão. Mesmo tendo o também lendário Vítor Baía, ainda que lesionado, em ótima fase à disposição do elenco, Van Gaal quis trazer um goleiro da confiança dele, e este alguém era Ruud Hesp, que iria se transferir do Roda ao Barcelona na temporada 1997/1998.
Nesta primeira temporada, o Barcelona iria dominar a Espanha, mas, da mesma forma, seria muito criticado, sobretudo Van Gaal. O Barcelona viria a conquistar a La Liga após 23 vitórias, cinco empates e dez derrotas, além de ter sofrido 56 gols, obtendo dois números muito elevados apesar do título: de derrotas e o de gols sofridos, que já foram motivos para críticas, além da preferência de Van Gaal por Hesp no gol ao invés de Vítor Baía, que, na altura, era o goleiro mais caro da história. Outra questão foi o fato do Barcelona ter tido a pior campanha do Grupo C da UEFA Champions League daquela temporada, vencendo apenas uma partida, empatando duas e perdendo as outras três (com direito a uma goleada por 4×0 em pleno Camp Nou para o inexpressivo e surpreendente Dínamo de Kiev, da Ucrânia).
A critério de curiosidade: como dito, o Barcelona tomou muitos gols na La Liga, sendo quatro deles em uma histórica partida contra o Valência de Zubizarreta; o Barcelona saiu ganhando de 3×0, mas sofreria uma virada histórica dentro do próprio estádio, calando o torcedor e deixando Van Gaal enfurecido! Hesp não teve culpa em nenhum dos gols.
Mesmo assim, nesta temporada, além de ganhar a La Liga, também viria a ganhar a Copa Del Rey. Após vencer o mesmo Valência de Zubizarreta nas oitavas-de-final, ao ganhar a ida em casa por 2×1 e a volta no Mestalla por 3×1. Nas quartas-de-final, o Barcelona viria a triunfar sobre o Club Polideportivo Mérida, ganhando em casa por 2×0 e fora de casa por 3×0. Nas semifinais, contra o Zaragoza, após aplicar 5×2 na ida em casa, um empate sem gols fora os classificara para a final contra o Mallorca do também lendário Carlos Roa e o título viria depois de um empate em um gol no tempo normal e vitória por 5×4 nos pênaltis após oito séries de cobranças, duas o Mallorca desperdiçou chutando pra fora, outras duas iriam ser defendidas por Ruud Hesp, entre elas a cobrança decisiva.
A Supercopa de España (torneio disputado em partida de ida e volta entre o campeão da La Liga e o campeão da Copa Del Rey) trouxe o Mallorca como oponente do Barcelona, mesmo o clube catalão tendo ganho ambos os torneios (trouxe o Mallorca por ter tido a melhor colocação na Copa Del Rey) e, em talvez uma grande injustiça do futebol, o Barcelona perdeu para o Mallorca, ao perder a ida fora por 2×1 e a volta em casa por 1×0.
Na UEFA Champions League da temporada 1998/1999, mais uma vez, o Barcelona não iria passar da primeira fase, mas agora caíram no chamado “grupo da morte”, que contava com o Brøndby da Dinamarca (que foi o “saco de pancadas”) e com o Manchester United e o Bayern de Munique, estas duas equipes seriam nada mais nada menos que as finalistas daquela edição da UEFA Champions League, vencida de maneira heroica e histórica pelo Manchester United, que saiu perdendo logo no começo do jogo, mas viraria a partida, fazendo dois gols nos três minutos finais.
Ao menos as obrigações nacionais ficaram em dia, com o bicampeonato da La Liga… e com bastante folga, afinal o Barcelona somou 79 pontos, onze a mais que o segundo lugar, os rivais do Real Madri. Na Copa Del Rey, o Barcelona chegou nas quartas-de-final, quando foram eliminados para os futuros campeões, que era o Valência comandando por Claudio Ranieri com craques como Cláudio López, Mendieta e o lendário goleiro Cañizares (os próximos anos seriam os melhores da história do Valência). A eliminação viria após perder a ida em casa por 3×2 e perder fora de casa por 4×3. Para o mesmo Valência, o Barcelona perderia a Supercopa de España daquele ano, após sair derrotado na ida no estádio Mestalla pelo placar mínimo e empatar em três gols a volta em casa.
Com Vítor Baía emprestado ao Futebol Clube do Porto e posteriormente comprado pela mesma equipe, Ruud Hesp, que usava a camisa número 13, passaria a ser o número 1 nesta que seria a última temporada dele pelo Barcelona. O Barcelona não iria arrematar títulos na jornada de 1999/2000, apenas chegaria perto. Na mesma temporada, Hesp seguiria como titular e primeira opção, mas, por vezes, dividiu e deixou a titularidade do Barcelona nas mãos do jovem Francesc Arnau.
Na La Liga, por cinco pontos diferença para a equipe campeã (Deportivo La Coruña), o Barcelona foi o vice-campeão espanhol. Na Copa Del Rey, um fato curioso: o Barcelona havia alcançado as semifinais da competição, que fora contra o Atlético de Madri, após perder a primeira partida da semifinal fora de casa por 3×0, o Barcelona simplesmente não jogou o segundo jogo, o motivo foi que a federação espanhola havia marcado a partida da volta no mesmo dia de amistosos internacionais da FIFA, sendo que o Barcelona fora obrigado a liberar os convocados do time. Resultado foi que, de todo o elenco, restaram apenas oito jogadores disponíveis para esta partida (sendo dois goleiros, Ruud Hesp e o reserva Francesc Arnau, restando seis jogadores de linha) e o regulamento previa que o máximo de jogadores da base que poderiam ser inscritos para a partida eram três, ou seja, o Barcelona, de qualquer forma que fosse dentro dos regulamentos, não conseguiria fechar um time de dez jogadores de linha e um goleiro. Na data da partida, o capitão do time e atual treinador do pequeno Manchester City, Pep Guardiola, veio informar de maneira oficial ao capitão do Atlético de Madri, Kiko, e aos árbitros da partida que o Barcelona não jogaria e abandonaria a partida em um Camp Nou vazio. Foi dado WO, vitória por 3×0 ao Atlético de Madri, classificação ao time colchonero e fim de papo.
Já na UEFA Champions League, mais um “quase”. O Barcelona iria cair no Grupo C, junto com Fiorentina, Arsenal e AIK da Suécia e passariam para a segunda fase de grupos, após vencerem quatro partidas e empatar duas. Na segunda fase de grupos, o Barcelona iria cair no Grupo A junto com o Porto, Sparta Praga e Hertha Berlim e iria passar ao mata-mata final após vencer cinco partidas e empatar uma. Nas quartas-de-final, o adversário seria a equipe inglesa do Chelsea e passariam às semifinais após perder a ida no Stamford Bridge por 3×1 e vencer em casa a volta pelo placar de 5×1, sendo que a partida no tempo normal terminara 3×1 e a classificação viria com mais dois gols na prorrogação, simplesmente uma classificação histórica!
Real Madri versus Barcelona, o tal do “el clasico”. Todos sonham um dia em assistir um duelo entre estas duas equipes numa final de UEFA Champions League, algo que nunca aconteceu, chegou próximo por vezes: como em 2015, quando o Barcelona se classificou para a final, mas o Real Madri fora eliminado nas semifinais para a Juventus de Buffon. Ou em 2014, quando foi a vez do Real Madri passar para a final, mas o Barcelona fora eliminado nas semifinais para o Atlético de Madri, em 2011 e 2012, quando as duas equipes, em ambas ocasiões, chegaram às semifinais, mas foram eliminadas, ou em 2011, quando Real Madri e Barcelona se classificaram para às semifinais daquela UEFA Champions League, mas quis o maldito sorteio que as duas equipes se enfrentassem nas semifinais mesmo… É, histórias e chances não faltam, e na temporada 1999/2000 não foi diferente destes relatos! O Barcelona se classificou junto com o Real Madri para às semifinais, o Real iria enfrentar o Bayern de Munique, enquanto o Barcelona iria enfrentar outra equipe espanhola, o Valência.
O Real Madri fez a parte dele para que um “el clasico” em final de UEFA Champions League ocorresse, eliminando o Bayern, mas o Valência, simplesmente, não deixou que o histórico duelo ocorresse. O Valência aplicou na partida de ida em casa, um histórico 4×1 sobre o Barcelona, na volta, no Camp Nou, a vitória por 2×1 do Barcelona não fora suficiente para passar o time à finalíssima. Mesmo assim, foi uma final histórica, pois pela primeira vez na história da Champions, duas equipes de um mesmo país chegavam à final, era a primeira vez que o Valência chegava a uma final de Champions League na história do clube e Casillas despontava como titular merengue após lesão de Illgner, sendo que, nesta final, Casillas se tornou o jogador mais novo de sempre a atuar em uma final de UEFA Champions League, a partida ocorreu apenas quatro dias depois do 19º aniversário dele. O Barcelona de Hesp ficou pelo caminho, mas os rivais do Real Madri iriam ganhar a orelhuda pela oitava vez na história merengue.
Após aquela temporada, os contratos de Van Gaal e Ruud Hesp com o Barcelona chegaram ao fim. Hesp voltaria a jogar pelo Fortuna Sittard por mais duas temporadas, quando então encerraria a carreira em 2002, totalizando 499 jogos em sua trajetória profissional. Depois de aposentado, Hesp continuou no mundo do futebol, agora como preparador de goleiros, começou no Roda JC, se transferiu para o FC Groningen e desde 2013 até hoje treina os goleiros de um dos principais times holandeses, o PSV Eindhoven.
Muitos dizem que depois da saída conturbada de Andoni Zubizarreta do Barcelona, o clube catalão nunca mais teve goleiros bons até a chegada de Claudio Bravo e Marc-André Ter Stegen, sendo que Victor Valdés no máximo deu uma estabilizada e uma amenizada nesta situação. Eu discordo, o Barcelona teve muitos bons goleiros que ou não deram certo ou não foram aproveitados depois que Zubi saiu, tais como Rüştü Reçber e Vítor Baía (sendo que este jogou junto de Hesp), além de que Hesp também era um goleiro bom, mas talvez seja desdenhado por não ser reconhecido, afinal, mesmo sendo um grande goleiro, não era unanimidade nem o principal de seu país, sempre sendo alvo de dúvidas e críticas.
Sem mais delongas, esta foi a vigésima-sexta edição do “Muralhas Lendárias” aqui no blog oficial do Goleiro de Aluguel. Espero que vocês tenham gostado da abordagem da carreira do holandês Ruud Hesp e semana que vem tem mais!
BARCELONA 3 x 0 REAL MADRI – LA LIGA 1997/1998 (DEFESA SENSACIONAL DE RUUD HESP EM 1:57):
BARCELONA 1 (5) x (4) 1 MALLORCA – FINAL DA COPA DEL REY DE 1997/1998: