Na Baliza #16 – Rafael Gatti
22/02/2017Na Baliza #17 – Leandro Santos
01/03/2017Todo Santo Tem Auxiliares
A ingrata posição de goleiro sempre tem apenas uma vaga no jogo. Vários consagrados goleiros, por melhores que sejam, sempre têm reserva dispostos a mostrar serviço quando eles não puderem atuar. Exemplos não faltam no mundo do futebol, como Fernando Prass na reserva de Danrlei no Grêmio; o próprio Marcelo Grohe, que foi reserva durante muitos anos no tricolor gaúcho de goleiros como Galatto, Dida e Victor até ter oportunidades como titular; Roger Noronha que foi reserva aonde passou, principalmente de Rogério Ceni no São Paulo e de Fábio Costa no Santos; Grégory Coupet que quase sempre foi reserva de Barthez na seleção francesa e por aí vai. A muralha de hoje talvez seja o reserva mais conhecido e lembrado da história, ele foi reserva de santo goleiro Marcos durante muitos anos no Palmeiras, mas vamos tratar disto mais para frente com todos os detalhes.
Sérgio Luís de Araújo, ou simplesmente Sérgio, nasceu em 11 de maio de 1970 na pequena cidade de Kaloré, no interior do estado do Paraná. Sérgio ingressaria na base do Palmeiras em 1989 e por lá ficaria até 1991. Durante este período, Sérgio foi emprestado ao Clube Atlético Embu-Guaçu e ao Ceilândia, quando voltaria ao Palmeiras e se profissionalizaria como goleiro. A estreia de Sérgio como titular debaixo das traves do Palmeiras foi em uma partida fora de casa contra o Matonense, em uma vitória por 4×3. Aquele seria o único jogo de Sérgio no ano de 1992.
Em 1993, Sérgio ficou como titular do verdão por um tempo porque o titular Velloso estava lesionado. Sérgio, ainda que jovem, entraria para a história do Palmeiras por causa do Paulistão de 1993, afinal o Palmeiras não só se sagraria campeão paulista daquela edição, como também encerraria um jejum de dezesseis anos sem títulos. O verdão, comandado por Vanderlei Luxemburgo, venceu na final os grandes rivais do Corinthians: após perder a ida no Parque São Jorge por 1×0 (com o Viola, autor do gol, comemorando imitando um porco. Histórico), o Palmeiras precisava vencer o segundo jogo para levar a decisão para a prorrogação. Venceram por 3×0 a volta, agora o Palmeiras iria precisar de um empate… na prorrogação! (Regulamento esquisito, não?!), ainda deu tempo do Palmeiras marcar mais um com Evair de pênalti. Estes 4×0 (3×0 no tempo normal, somado de 1×0 na prorrogação) deram o título ao Palmeiras, em um dos momentos mais marcantes do dérbi paulista que completou cem anos nesta semana (em uma vitória por 1×0 do Corinthians, com polêmica na arbitragem). Sobre o mesmo Corinthians, o Palmeiras se sagrou campeão do torneio Rio-São Paulo, com Sérgio na titularidade. Para acabar com mais um jejum, o Palmeiras venceu o Campeonato Brasileiro de 1993, quando passou pelas fases de grupos e venceu o Vitória na final, após vencer por 1×0 a ida na Fonte Nova e por 2×0 a volta no Morumbi.
Em 1994, Sérgio, ainda que jovem, iria disputar a primeira Libertadores da carreira, inscrito com o número 1 na camisa. Naquela Libertadores, o Palmeiras não foi longe nem muito bem, caiu no Grupo 02 junto com o Cruzeiro e os argentinos do Vélez Sarsfield e o Boca Juniors, o Palmeiras terminou em terceiro lugar naquele grupo, com três vitórias e três derrotas (sendo uma das vitórias um histórico 6×1 sobre o Boca Juniors), mas nas oitavas-de-final caíram para os atuais bicampeões e futuros vices daquela Libertadores, o São Paulo de Zetti. Apesar disto, o Palmeiras repetira o feito de 1993, ao ser campeão estadual em um Paulistão reformulado (com regulamento ridículo, visto que era pontos corridos) e também se tornou campeão do Brasileirão em 1994, mas nestes torneios, Velloso estava recuperado e havia retomado a titularidade do Palmeiras.
Ainda que a titularidade continuasse com Velloso, Sérgio, por vezes, foi o titular enquanto Velloso estava machucado, inclusive na Libertadores de 1995, em que ele foi inscrito com a alcunha 12 na camisa. Na Libertadores de 1995, Sérgio foi o goleiro do Palmeiras nas quartas-de-final do torneio, fase em que foram eliminados para o Grêmio após perderem a ida no antigo Olímpico Monumental por incríveis 5×0 e vencer por 5×1 em casa, apesar de tudo, quase que o Palmeiras opera um milagre. No Paulistão, o Palmeiras foi vice-campeão para o Corinthians e não chegaria nas finais do Brasileirão de 1995. Por causa destas fases ruins e eliminações, Sérgio perdeu espaço para o recém-contratado Gato Fernández (pai de Gatito Fernández, atual goleiro do Botafogo) e aliado com a recuperação de Velloso, Sérgio perdeu espaço no Palmeiras. O ano de 1995 seria o último ano de Sérgio na primeira passagem dele pelo verdão; em 1996, ele iria para o Flamengo.
No Flamengo, Sérgio foi reserva de Roger Noronha em uma curta passagem, depois defendeu as cores do Inter de Limeira e da Portuguesa, defendeu também as cores do Vitória em 1998, aonde atuou junto com Fábio Costa. Em 1998, Sérgio voltaria ao Palmeiras para ser a terceira opção, a primeira era Velloso e a segunda era Marcos. Naquele ano, Sérgio fez parte da equipe campeã da Copa do Brasil e da Mercosul e em 1999 se sagrou campeão da Libertadores na reserva de Marcos, afinal Velloso havia se lesionado. Com a saída de Velloso ao Atlético Mineiro, Sérgio virou reserva imediato de Marcos.
No ano 2000 houve-se especulações de que Marcos poderia até se aposentar precocemente por conta de uma grave lesão no pulso esquerdo, e Sérgio o substituiu em vários jogos, como na Copa dos Campeões em que o Palmeiras ganhou em cima do Sport com Sérgio debaixo das traves, garantindo o verdão na Libertadores de 2001, assim como outros torneios (nesta temporada do ano 2000, Sérgio era o goleiro do Palmeiras naquela histórica final da Copa Mercosul, em que o Palmeiras terminou o primeiro tempo vencendo por 3×0 e deixou os vascaínos virarem na segunda etapa). Entretanto, Marcos acabou se recuperando e voltando em altíssimo nível como sempre. Mas a maior mancha veio em 2002, quando o Palmeiras caiu para a segunda divisão nacional pela primeira vez na história, após perder para o Vitória por 4×3 e terminar em 24º lugar dentre 26 equipes. Sérgio era o goleiro do Palmeiras neste jogo.
Por causa de várias lesões, Sérgio foi o goleiro do Palmeiras em quase todos os jogos do verdão na Série B de 2003, em que conseguiram o acesso e o título após passar em primeiro lugar em todas as fases de grupos, retornando para a elite nacional em 2004. A partir de 2004, Sérgio atuou pouco no Palmeiras, mas seguiu firme e dedicado nos treinos da mesma forma, ainda que Marcos fosse o titular do verdão, pois ele sempre estaria lá para o substituir quando precisasse.
No Palmeiras, Sérgio ficou até 2006, sendo que a última partida dele com a camisa do verdão foi em um empate em 1×1 com o Fluminense no dia 3 de dezembro daquele ano, em partida válida pela última rodada do Brasileirão de 2006. Em 2007, ele disputou o Campeonato Paulista pelo Santo André, em que o ramalhão foi rebaixado para a Série A2 ao terminar em último lugar na primeira fase. Ao término daquele Paulistão, Sérgio rumou ao Bahia para disputar a terceira divisão com o tricolor bahiano, em que o Bahia foi vice-campeão e conseguiu acesso para a segundona da temporada seguinte.
Em 2008, Sérgio foi contratado pelo Itumbiara, de Goiás, e foi campeão estadual naquele ano (o reserva de Sérgio nesta passagem dele pelo Itumbiara era outro goleiro lendário, Silvio Luiz, que fez história no São Caetano). No mesmo ano rumou para a Portuguesa aonde ficou até o final da temporada, retornando ao Itumbiara em 2009 para disputa do Campeonato Goiano. Depois do Goianão, Sérgio foi contratado pelo Santos para substituir Fábio Costa, que estava lesionado, mas foi Fábio Costa se recuperar que Sérgio perdeu espaço e saiu do Santos para mais uma vez retornar ao Itumbiara para a disputa do Campeonato Goiano de 2010, aonde o tricolor goiano terminou apenas em nono dentre dez equipes e foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Goiano.
Passado este rebaixamento, Sérgio rumou ao Marília, para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C de 2010, aonde o Marília quase foi rebaixado para a quarta divisão, mas conseguiu permanecer na terceira. Em 2011, Sérgio rumou ao Imbituba para disputa do Campeonato Catarinense, aonde a equipe dele acabou rebaixada para a segunda divisão catarinense naquele estadual. Ainda em 2011, Sérgio faria sua quarta passagem pelo Itumbiara, para a disputa da segunda divisão goiana e iria sair-se vice-campeão, colocação suficiente para conseguirem o acesso à elite goiana de 2012.
Em abril de 2012, Sérgio assinou com o CA Barcelona, clube amador de Sorocaba, aonde jogou o campeonato na categoria de veteranos. Em 2013, aos 42 anos, Sérgio assinou com o Taboão da Serra para disputar o Paulistão da Série B1 (equivalente a quarta divisão do Campeonato Paulista) e após o Taboão ser eliminado na segunda fase, Sérgio aposentou as luvas do mundo do futebol em uma longeva carreira.
E esta foi a trigésima-quinta edição do “Muralhas Lendárias” aqui no blog do Goleiro de Aluguel! Que abordou a carreira de Sérgio, um goleiro que teve fama nacional quando estava no Palmeiras, na reserva do santo goleiro Marcos. Semana que vem o quadro volta abordando a carreira de mais um lendário goleiro. Por sinal, semana que vem o quadro irá completar um ano de existência! Começamos no dia 04 de março de 2016 abordando a carreira de Galatto e de lá pra cá não paramos mais, chegando a 35 e, posteriormente, 36 edições abordando a carreira de lendários goleiros que já aposentaram as luvas do mundo do futebol. Esperamos você semana que vem, até!
GRANDES DEFESAS DE SÉRGIO
PALMEIRAS 4 x 0 CORINTHIANS: FINAL DO CAMPEONATO PAULISTA DE 1993
PALMEIRAS 6 x 1 BOCA JUNIORS: COPA LIBERTADORES DE 1994