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Olá, amiguinhos, o artigo de hoje vai tratar de um mito dos videogames, eu aposto que grande parte dos leitores do artigo de hoje passaram horas e horas se divertindo no Winning Eleven e vão saber quem é o goleiro abordado desta semana, afinal, a maioria dos jogadores do antigo e finado Winning Eleven costumavam jogar com a Internazionale, que tinha Adriano, Ibrahimović, Figo, Crespo, Materazzi, Zanetti, Samuel… e Francesco Toldo fechando o gol para os nerazzurri, aposto que Toldo já salvou você jogando com a Internazionale no Winning Eleven! Sem mais delongas, vamos começar o nosso artigo de hoje.
Francesco Toldo nasceu na cidade italiana de Padova, em 2 de dezembro de 1971. Começou na base do USMA Caselle com onze para doze anos. Em 1985, Toldo chegou a ser cogitado para ir na base do Padova, mas foi descartado. Com isto, ele foi para o Montebelluna, após Giancarlo Caporello notar os talentos de Toldo. Aos 16 anos, Francesco Toldo foi para a base do Milan, por onde ficaria até se profissionalizar em 1990.
Entretanto, no Milan, Toldo basicamente não teria oportunidades para atuar e logo na primeira temporada pelo clube rossonero, iria ser emprestado para o Hellas Verona, clube que estava na segunda divisão italiana. Por lá ficou uma temporada sendo apenas o terceiro goleiro e sequer chegou a jogar. Na temporada 1991/1992, mais uma vez ele seria emprestado, agora para o Trento, time da Serie C2 (equivalente a quarta divisão italiana) e por lá começaria a ter oportunidades como profissional. Na temporada em que Toldo passou no Trento, ele jogou todos os jogos do clube na Serie C2, alcançou apenas o sétimo lugar, mas colaborou para que o Trento tivesse a melhor defesa da competição junto com o Leffe, apesar de ter terminado apenas em sétimo lugar (Toldo, nos 38 jogos pelo Trento na Serie C2, sofreu 24 gols).
Após ter mostrado serviço, Toldo voltaria para o Milan… Para mais um empréstimo, agora para o Ravenna, time da Serie C1 da Itália (equivalente a terceira divisão italiana). Toldo passou uma temporada por lá e conseguiu trazer ao Ravenna um título inédito ao clube, que foi campeão da Serie C1 1992/1993, fez com que o clube obtivesse a segunda melhor defesa da competição (sofrendo 22 gols em 32 jogos). Com este título, o Ravenna conseguiu um inédito acesso para a segunda divisão italiana. Mas, na próxima temporada, Toldo já não estaria mais no Ravenna.
Na temporada 1993/1994, Toldo iria se estabilizar e parar de peregrinar por times italianos, o goleirão iria se transferir para a Fiorentina, clube que havia sido rebaixado para a segunda divisão italiana, enfrentando o segundo rebaixamento da história do clube 55 anos depois. A viola procurava se reinventar para a segunda divisão desta temporada, a começar pelo goleiro, o jovem Toldo, que estava arrebentando nas séries C1 e C2 iria defender as cores de um dos mais tradicionais times italianos em um momento conturbado.
Logo na primeira temporada pela viola, o título de campeão da segundona italiana, que veio até com certa folga, aonde a Fiorentina sagrou-se campeã com cinco pontos de diferença para o Bari, os vices. Dos 38 jogos da Fiorentina na Serie B, Toldo era o titular em 33 ocasiões e sofreu 14 gols (ao todo, a Fiorentina sofreu 19 naquela competição). Na volta à elite italiana, a Fiorentina não conseguiu passar do décimo lugar na Serie A 1994/1995.
Na temporada 1995/1996, a Fiorentina faria uma bela campanha, terminando em quarto lugar na Serie A, mas o principal feito da viola nesta temporada foi a conquista da Coppa Italia: nas prévias, a Fiorentina venceu o Ascoli por 2×1. Nas oitavas-de-final, a viola golearia o Lecce por 5×0. A vaga para as semifinais veio após vencerem por 3×1 o Palermo. Nas quartas-de-final, venceram a Internazionale, mais um 3×1. A final era a única fase do torneio que era realizada em jogos de ida e volta, que seria entre a viola e o Atalanta, e após venceram a ida em casa por 1×0, a Fiorentina vencera também a volta fora de casa por 2×0 para se sagrar campeã da Coppa Italia com 100% de aproveitamento, sendo que Toldo foi o protagonista desta conquista, junto com outros craques como Batistuta e Rui Costa. Com isto, na temporada seguinte, Toldo iria participar do primeiro torneio internacional de clubes da carreira, a extinta Taça dos Vencedores de Taças.
Quase que em seguida ao título da copa, Toldo venceria a Supercoppa Italiana com a Fiorentina (torneio disputado em jogo único entre o vencedor da Serie A e da Coppa Italia), após vencerem o Milan por 2×1.
Ainda na temporada 1995/1996, Toldo realizou a estreia dele pela seleção italiana, foi em um jogo da fase de apuramento para a UEFA Euro de 1996 contra a Croácia, o jogo terminou empatado em um gol. A Itália se classificou para aquela edição da Eurocopa e Toldo foi convocado, foi o primeiro torneio internacional com a seleção italiana da carreira de Toldo, mas ele sequer jogou. Toldo foi convocado como segundo goleiro, reserva de Angelo Peruzzi, que jogou as três partidas da Itália no torneio. A azurra foi eliminada logo na fase de grupos.
A temporada 1996/1997 teve destaque para Fiorentina na Taça dos Vencedores de Taças, aonde a viola fez uma bela campanha. Nas prévias, eliminaram o Gloria Bistrița, da Romênia, após empatar fora de casa em um gol e vencer na Itália pelo placar mínimo. Nas oitavas-de-final, venceram o Sparta Praga, após ganhar a ida em casa por 2×1 e empatar na República Tcheca a volta em 1×1. Nas quartas-de-final, a Fiorentina eliminaria o tradicional e poderoso Benfica, após vencer a ida no Estádio da Luz por 2×0 e perder em casa por 1×0. Nas semifinais, a Fiorentina seria eliminada para os futuros campeões, o Barcelona de Vítor Baía, após arrancar empate no Camp Nou em um gol e perder por 2×0 no Artemio Franchi (detalhe: enquanto os jogadores catalães comemoravam o segundo gol, a torcida da viola tacou objetos nos jogadores adversários. Iván De La Peña chegou a ser atingido e precisou de atendimento médico). Além da Taça dos Vencedores de Taças, a Fiorentina não foi bem nas obrigações nacionais e fez uma campanha mediana.
A temporada 1997/1998 marcou a chegada de um craque à Fiorentina, que posteriormente iria atrapalhar o time: Edmundo. O animal chegou no meio da temporada, não jogou muito, mas no pouco que jogou, mostrou serviço e fez gols, sendo ele um dos principais responsáveis (junto com Toldo e o restante do ataque da Fiorentina) pela Fiorentina ter conseguido terminar em quinto lugar e conseguir a vaga para a UEFA Cup (atual UEFA Europa League) da tempora seguinte. Ao término daquela jornada, Toldo foi à França para jogar a Copa do Mundo de 1998 com a seleção italiana. Ou melhor, ele foi esquentar o banco de reserva, como terceiro goleiro.
Na temporada 1998/1999, a Fiorentina era a grande favorita para dominar o futebol italiano naquele ano. Já começou decepcionando na UEFA Cup, após eliminar o Hajduk Split, da Croácia, a Fiorentina fora eliminada ainda nas fases prévias para o Grasshopper, da Suíça, após vencer a ida fora de casa por 2×0, a Fiorentina fora eliminada em casa: o elenco da viola abandonou o jogo no intervalo, após um dirigente da Fiorentina ter sido atingido por um sinalizador. Com este abandono, a Fiorentina (que vencia o jogo por 2×1) perdeu o jogo por W.O e o time suíço “venceu” por 3×0, passando de fase.
E as tragédias com a viola não terminaram aí. A Fiorentina terminou em terceiro lugar na Serie A e perdeu a final da Coppa Italia para o Parma, enquanto tinha elenco suficiente para ganhar ambos os torneios. Muito disto se deve a Edmundo, o craque rachou o elenco da Fiorentina e arranjou problemas com vários setores dentro do clube. Tudo começou logo no início da temporada quando ele xingou o treinador do time, Giovanni Trapattoni, após ter sido substuído. Logo depois, o elenco não gostou de “privilégios” que Edmundo obteve, como tirar férias muito antes de todos no meio da temporada e por ter ganhado folga para curtir o carnaval de 1999, e isto foi o que “acabou” com a carreira dele na viola: era a 20ª rodada do calcio e a Fiorentina liderava o campeonato, um ponto a frente da Lazio, e iria jogar fora de casa contra a Udinese. Enquanto Edmundo estava com a Salgueiro na Marquês de Sapucaí, a Fiorentina perdia para a Udinese por 1×0, além da liderança do calcio, fora que vazaram depoimentos de Edmundo ofendendo os companheiros de ataque Rui Costa e Batistuta. Ainda sim, o elenco fez boa campanha ainda que abaixo do esperado.
Na temporada 1999/2000, a Fiorentina chegou a passar da primeira fase de grupos daquela edição da Champions, mas caiu na segunda fase em um grupo com Valência, Manchester United e Bordeaux e fez apenas atuações medianas nos campeonatos nacionais. Ao fim daquela temporada, Toldo iria participar do único torneio internacional com a seleção italiana sendo o goleiro titular. Em verdade, Toldo seria reserva de Buffon, mas gigi acabou quebrando a mão em um amistoso contra a Noruega oito dias antes da Euro começar, Toldo passou a ser o titular e Buffon foi substituído por Christian Abbiati.
Toldo, usando a 12, foi o titular da azurra naquela Eurocopa. A Itália caiu no grupo B, junto com a Suécia, Bélgica e a Turquia de Rüştü e iriam terminar em primeiro lugar no grupo após vencer todos os jogos, venceram a Bélgica por 2×0 e a Turquia e a Suécia por 2×1. Nas quartas-de-final, a Itália venceu a Romênia por 2×0 e passou para as semifinais contra a Holanda, e após empatar sem gols, a Itália se classificou para a finalíssima ao vencer os holandeses por 3×1 nos pênaltis, sendo que Toldo defendeu duas cobranças (a de Frank de Boer e a de Bosvelt) para classificar a Itália para a final! Sem contar que Frank de Boer havia perdido um pênalti no tempo normal de jogo, com Toldo defendendo.
A final foi contra a França. A Itália saiu ganhando aos 10 minutos do segundo tempo, após grande jogada e conclusão de Delvecchio. A Itália estava vencendo e sendo campeã até o último lance do jogo, quando a bola sobrou para Wiltord completar para o gol (alguns consideram que Toldo falhou no gol). Com isto, o jogo foi para a prorrogação e aos 13 minutos do primeiro tempo do prolongamento, Trezeguet virou para França, era o “gol-de-ouro” que deu o título aos franceses em uma histórica virada.
A temporada 2000/2001 foi a última de Toldo na Fiorentina e ele se despediu com estilo, conquistando a Coppa Italia em cima do Parma. Na temporada 2001/2002, Toldo voltaria a jogar por um time de Milão, no maior rival do clube em que se profissionalizou, ele foi para a Internazionale. Nesta primeira temporada com a camisa nerazzurri, Toldo fez com que a Inter lutasse pelo título italiano até o último minuto, mas não conseguiu o objetivo, a Inter terminou apenas em terceiro lugar, dois pontos atrás da Juve e um ponto atrás da Roma. Nesta mesmo temporada, a Inter também participou da UEFA Cup e chegou longe, até serem eliminados para o Feyenoord nas semifinais (o time holandês seria o campeão do torneio em cima do Borussia Dortmund).
Ao final daquela temporada, Toldo iria participar da segunda Copa do Mundo da carreira, mais uma vez como reserva, agora como reserva imediato de Buffon. A Itália chegou até as oitavas-de-final daquela Copa do Mundo, quando foram eliminados para a Coréia do Sul no gol-de-ouro, e de maneira muito polêmica.
Na temporada 2002/2003, foi uma temporada aonde os títulos chegaram perto, mas não vieram. Na Serie A, a Internazionale terminou na segunda colocação, sete pontos atrás da Juve. Na Champions League desta temporada, a Inter passou da fase prévia pelo Sporting, depois caiu no grupo D, um grupo forte junto com Ajax, Lyon e Rosenborg e passaram de fase em primeiro lugar nesta chave, após três vitórias, dois empates e uma derrota. Na segunda fase de grupos, a Inter caiu no grupo A, junto com o Barcelona, o Newcastle United e os últimos vice-campeões da Champions, o Bayer Leverkusen e passariam para o mata-mata após terminar em segundo lugar no grupo, repetindo a campanha da primeira fase de grupos. Nas quartas-de-final, a Inter eliminou o Valência, após vencer em casa a ida por 1×0 e perder no Mestalla por 2×1, se classificando graças a (ridícula) regra do gol qualificado. As semifinais foram contra os rivais do Milan, quando foram eliminados após empatar a ida sem gols e a volta em um gol. Como a primeira partida o mando de campo era rossonero e o segundo jogo era com dito mando da Internazionale, os nerazzurri foram eliminados na regra do gol fora de casa (curioso a regra do gol qualificado neste caso, não?! Até porque o estádio em que o Milan e a Inter mandam os jogos é o mesmo, só muda o nome quando o mando é do Milan – San Siro – e quando é da Inter – Giuseppe Meazza).
Depois de uma temporada relativamente ruim na época de 2003/2004, Toldo seria convocado para mais um torneio internacional com a seleção italiana, mais uma vez na reserva de Buffon (a Itália não passou da fase de grupos desta Euro). Depois desta edição da Euro, Toldo se aposentou da seleção italiana, algo que ele iria se arrepender depois.
Na temporada 2004/2005, Toldo finalmente conquistou um título com a Internazionale, foi a Coppa Italia, um título em que a Inter não conquistava há 23 anos: a Inter eliminou o Bologna nas oitavas-de-final, após vencer a ida e a volta por 3×1, o Atalanta nas quartas-de-final, após vencer a ida fora de casa por 1×0 e por 3×0 em casa. Nas semifinais, a Inter venceu o Cagliari, após empatar a ida fora de casa em um gol e vencer no Giuseppe Meazza por 3×1. Venceram a Roma na finalíssima, após vencer a ida no Stadio Olimpico por 2×0 e em casa pelo placar mínimo. Nesta mesma temporada, a Inter terminou em terceiro lugar na Serie A e fora eliminada nas quartas-de-final para os rivais do Milan na Champions League: após perderem por 2×0 a ida “fora de casa”, a Inter perdeu por 3×0 a volta “em casa”. Na verdade, a partida de volta foi encerrada aos 27 do segundo tempo. O Milan vencia o jogo por 1×0, quando a torcida do Inter começou a tacar sinalizadores no gramado, um deles acertou o goleiro Dida e o jogo foi ali interrompido.
A Inter ainda conquistaria a Supercoppa Italiana de 2005, após vencer a Juventus por 1×0.
Apesar do título da Coppa Italia (sendo que Toldo foi um dos principais pilares da conquista), o treinador Roberto Mancini resolveu dar um voto de confiança a Júlio César. Com isto, o goleiro brasileiro virou o novo titular da nerazzurri, enquanto Toldo virou a segunda opção. Toldo não gostou da atitude do treinador e chegou a disparar as seguintes declarações: “Não me sinto inferior a ele (Júlio César). Ele é jovem, mas para ser goleiro da Inter, você precisa ser experiente” e também disse que “Se a Inter me avisasse desta situação antes, teria procurado outras escolhas. Mas no começo da temporada me falaram outras coisas. Espero que os motivos desta escolha sejam técnicos, e não algum preconceito contra mim”.
Toldo havia dito que abandonaria a seleção italiana, mas se colocou à disposição do técnico Marcelo Lippi no final do ano de 2005, pois o técnico da seleção italiana precisava de goleiros, afinal Buffon havia se lesionado, mas Toldo lamentou não ter oportunidades para mostrar serviço e merecer a vaga na seleção (ao final, Lippi convocou os goleiros Angelo Peruzzi e Morgan De Sanctis), ele mesmo disse: “Desisti da seleção, mas com essa lesão de Buffon, se o técnico quiser, posso voltar. No entanto, não estou jogando e, desta forma, não posso mostrar o meu valor”.
Toldo seguiu na reserva de Júlio César na Internazionale até se aposentar na temporada 2009/2010. Na reserva ele conquistaria mais duas Coppa Italia, além de quatro Serie A seguidas, duas Supercoppa Italiana e uma UEFA Champions League, na última temporada da carreira. Depois de aposentado, Toldo virou dirigente da Internazionale e depois virou treinador de goleiros da seleção sub-20 italiana e depois virou assistente técnico da seleção sub-21 italiana, cargo que ocupou até 2015.
E esta foi a trigésima-oitava edição do “Muralhas Lendárias” aqui no blog do Goleiro de Aluguel! Espero que vocês tenham gostado da abordagem da carreira de Francesco Toldo, que escreveu uma bela história na Fiorentina, na Internazionale e no Winning Eleven que você já passou horas jogando em seu PlayStation 2. Nas próximas sextas, o quadro volta abordando a carreira de mais um lendário goleiro. Até lá!
ATALANTA 0 x 1 FIORENTINA: GRANDE FINAL DA COPPA ITALIA 1995/1996
HOLANDA 0 (1) x (3) 0 ITÁLIA: SEMIFINAIS DA UEFA EURO 2000 (SOMENTE A DISPUTA POR PÊNALTIS)
GRANDES DEFESAS DE FRANCESCO TOLDO: